Zâmbia reestrutura mais de 3,2 mil milhões de euros de dívida em ‘eurobonds’

O Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, anunciou hoje um acordo para reestruturar a dívida de mais de 3,5 mil milhões de dólares (3,2 mil milhões de euros) em ‘eurobonds’ com credores privados, após quase três anos de difíceis negociações.

Zâmbia reestrutura mais de 3,2 mil milhões de euros de dívida em 'eurobonds'

“Fez-se história! Temos o prazer de anunciar o acordo com os nossos detentores de ‘eurobonds’. Isto é para reestruturar mais de 3,5 mil milhões de dólares de dívida no Quadro Comum do G20”, disse Hichilema através das redes sociais, referindo-se à plataforma criada pelo grupo de países desenvolvidos e emergentes para facilitar o alívio da dívida dos países pobres.

O acordo abre a porta para desbloquear as negociações que o país tem vindo a promover ao longo dos últimos anos para conseguir um alívio da enorme dívida que tem.

Em 2020, a Zâmbia tornou-se o primeiro país africano a não conseguir pagar o serviço da sua dívida externa, que na altura era de pouco mais de 17 mil milhões de dólares (15,6 mil milhões de euros).

Assim, o Estado zambiano não conseguiu reembolsar as duas séries de ‘eurobonds’, no valor total de 3 mil milhões de dólares, emitidas há uma década e cujas taxas de juro aumentaram desde então.

O país também não cumpriu os prazos para pagar a sua dívida à China, que ascende a cerca de 6 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros) e que serviu para a construção de diferentes infraestruturas, principalmente estradas, pontes, escolas e hospitais.

Em setembro de 2022, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um empréstimo de 1,3 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) para ajudar a Zâmbia, mas na condição de o país tomar medidas credíveis para reduzir a sua dívida para níveis sustentáveis.

O Governo da Zâmbia chegou a um acordo no ano passado para reestruturar até 6,3 mil milhões de dólares (5,8 ml milhões de euros) de dívidas com diferentes Governos, mas alguns destes credores, incluindo Pequim, opuseram-se ao acordo devido às condições mais favoráveis oferecidas aos credores privados.

Este facto violaria o princípio da “comparabilidade de tratamento” incluído no Quadro Comum do G20.

Hoje, em comunicado, o ministro das Finanças da Zâmbia, Situmbeko Musokotwane, afirmou que o acordo agora alcançado prevê “um alívio essencial da dívida”, incluindo a “renúncia a cerca de 840 milhões de dólares” dos seus créditos e “a oferta de cerca de 2,5 mil milhões de dólares em alívio do fluxo de caixa através da redução dos pagamentos do serviço da dívida” à medida que o programa do FMI se desenrola.

Apesar do otimismo das autoridades, é provável que a notícia seja recebida com cautela pela população, depois de anteriores anúncios de acordos terem deparado com obstáculos.

O Presidente Hichilema venceu as eleições gerais da Zâmbia em 2021 com a promessa de relançar a economia nacional.

EL // MLL

By Impala News / Lusa

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