Wall Street fecha em baixa pressionada pelo Fed e tensões no Médio Oriente

A bolsa nova-iorquina encerrou hoje em baixa, após as declarações cautelosas de membros do banco central norte-americano (Fed) e um novo surto de ‘febre do petróleo’, num contexto de aumento das tensões geopolíticas, em especial no Médio Oriente.

Wall Street fecha em baixa pressionada pelo Fed e tensões no Médio Oriente

Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average cedeu 1,35%, o tecnológico Nasdaq perdeu 1,40% e o alargado S&P500 desvalorizou 1,23%.

A sessão começou no verde, após três dias de consolidação, mas os índices inverteram antes do encerramento da bolsa.

O motivo, segundo Angelo Kourkafas, da Edward Jones, foram “declarações fortes de membros da Fed”, que contrastaram com comentários considerados comedidos pelo líder da instituição, Jerome Powell, na quarta-feira.

O presidente da sucursal do Fed em Minneapolis, Neel Kashkari, alertou hoje que “se a inflação continuar a oscilar”, com ‘explosões’ ocasionais, irá “[fazer] a questão de saber se não deve ser reconsiderada qualquer baixa [das taxas de juro]” este ano.

Outro fator que justificou queda dos índices foi “a subida dos preços do petróleo, que incomoda” os investidores, segundo Angelo Kourkafas.

O barril de crude do Mar do Norte terminou hoje acima dos 90 dólares pela primeira vez em mais de cinco meses.

Este novo revés ocorreu num contexto de deterioração da situação geopolítica no Médio Oriente.

Israel está em alerta máximo face à ameaça de uma eventual retaliação do Irão ao ataque contra o consulado iraniano em Damasco, que matou 13 pessoas, e que terá sido perpetrado pelo Exército israelita.

Questionado sobre os rumores de um ataque iraniano a Israel dentro de 48 horas, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, falou de uma “ameaça concreta do Irão à segurança de Israel”.

Angelo Kourkafas lembrou ainda que “o mercado continua com cinco meses de ganhos”.

“Para continuar neste ritmo, precisa de um catalisador, que não tem, neste momento”, vincou.

Art Hogan, da B. Riley Wealth Management, concordou com esta análise, acreditando que “o mercado está à procura de uma razão para vender” e encontrou-a na quinta-feira, com a subida do petróleo.

Apesar dos comentários cautelosos de vários banqueiros da Fed, que procuraram acalmar as expectativas de um próximo corte nas taxas, os rendimentos dos títulos contraíram-se.

O rendimento dos títulos do governo dos EUA de 10 anos caiu para 4,30%, em comparação com 4,34% no encerramento do dia anterior.

Para Angelo Kourkafas, este movimento é resultado de uma fuga para ativos considerados de menor risco, em particular títulos do Tesouro dos EUA.

Por setores, predominaram as perdas, lideradas pelas empresas de tecnologia e de saúde, que caíram 1,72% e 1,4%, respetivamente.

Entre as 30 empresas listadas no Dow Jones, reinaram as perdas, lideradas pela Salesforce (-3,48%) e 3M (-2,84%). As únicas empresas verdes foram Chevron (0,16%) e Walmart (0,12%).

DMC // NS

By Impala News / Lusa

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