Moody’s baixa perspetiva do ‘rating’ da China para negativa devido a endividamento

A agência de notação financeira Moody’s baixou hoje a perspetiva do ‘rating’ da China de “estável” para “negativo”, devido aos altos níveis de endividamento da segunda maior economia do mundo.

Moody's baixa perspetiva do 'rating' da China para negativa devido a endividamento

“A alteração para perspetiva negativa reflete os indícios crescentes de que o governo e o setor público vão prestar apoio financeiro aos governos regionais e às empresas públicas em dificuldades”, afirmou a Moody’s, em comunicado. Isto “gera riscos significativos (…) para a solidez orçamental da China”, face ao abrandamento da economia do país e às dificuldades no setor imobiliário, acrescentou.

Na sequência do relatório, o ministério das Finanças chinês declarou-se “desiludido” com a decisão da Moody’s.

Durante muito tempo, o setor imobiliário representou um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) da China, assegurando a subsistência de milhares de empresas e de trabalhadores pouco qualificados.

Nos últimos 20 anos, o setor registou um crescimento fulgurante, mas os problemas financeiros de grupos imobiliários emblemáticos estão agora a alimentar a desconfiança dos compradores, num contexto de casas inacabadas e de queda dos preços por metro quadrado.

O colapso da Evergrande, cujo passivo ascende a 328 mil milhões de dólares (307 mil milhões de euros), é o caso mais emblemático desta crise, que tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.

A crise afetou nos últimos meses outro peso pesado do setor: a Country Garden, até há pouco vista como uma empresa financeiramente sólida.

Para relançar o mercado imobiliário e estimular a atividade, o Governo intensificou o seu apoio ao setor nos últimos meses. Mas os resultados continuam a ser inconclusivos.

A crise imobiliária está a pesar sobre a capacidade do país para atingir o seu objetivo de crescimento para 2023, fixado pelo Governo em “cerca de 5%”.

 

JPI // EA

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS