Governo quer comboio noturno com Espanha mas pede colaboração da Renfe

O Governo quer manter o comboio noturno Lusitânia, que ligava Lisboa e Madrid e foi suspenso por causa da pandemia, mas alerta que “há muito trabalho a fazer” com Espanha, adiantou o ministro das Infraestruturas e Habitação.

Governo quer comboio noturno com Espanha mas pede colaboração da Renfe

No final de uma reunião informal, por videoconferência, dos ministros responsáveis pelos Transportes dos Estados-membros da União Europeia (UE), Pedro Nuno Santos, questionado sobre a manutenção deste comboio disse que “é muito importante”, referindo que ainda há “muito trabalho a fazer com a [operadora espanhola] Renfe” e salientando que, do lado português, é possível encontrar financiamento, mas que é preciso “fazê-lo com os espanhóis”.

O Governo espanhol tem afastado a ideia de voltar aos comboios noturnos internacionais, tendo em conta que está prevista uma ligação entre Lisboa e Madrid em Alta Velocidade, prevista para 2023.

Pedro Nuno Santos voltou ainda a pedir uma “avaliação do caminho que a UE fez até aqui, da liberalização e dos pacotes ferroviários em função de resultados” e não “do grau de abertura e liberalização”.

“Temos de perceber hoje se a política seguida nas últimas três décadas produziu os resultados esperados. Sabemos que houve uma estagnação no crescimento do transporte de mercadorias e um crescimento residual nos passageiros”, indicou.

“Temos de perceber o que falhou, o que não está a resultar e para nós é muito claro que a falta de investimento é uma das razões principais”, referiu.

Esta segunda-feira, o ministro disse que a liberalização no transporte ferroviário “falhou no aumento da quota” deste modo face ao rodoviário e aéreo, numa conferência no âmbito da presidência da União Europeia.

Num discurso na abertura da conferência de lançamento do Ano Europeu do Transporte Ferroviário 2021, o governante questionou a eficácia deste modelo, que abriu aos privados a gestão de linhas ferroviárias um pouco por toda a Europa.

“A política europeia para as ferrovias nos últimos 30 anos sempre foi de abertura e liberalização progressiva do mercado”, disse o ministro, acrescentando que “independentemente da opinião de cada um e da sua posição ideológica é um facto indisputável que [a liberalização] falhou para já em aumentar a quota modal para a ferrovia”.

Segundo Pedro Nuno Santos, é “impossível saber se estas políticas evitaram uma queda maior ou se são responsáveis por manter a estagnação”, referiu, apontando que “o facto de haver agora múltiplas iniciativas para promover o transporte internacional de passageiros mostra que o mercado, que foi liberalizado em 2010 para estas ligações, não está a responder como esperado”.

O ministro concluiu depois que o mercado “não irá, por si próprio, providenciar os serviços que a sociedade considera importantes ou até essenciais”.

Não “é garantido que o mercado ferroviário resultante da aplicação dos quatro pacotes ferroviários seja mais aberto e competitivo, visto que já estamos a assistir a movimentos de concentração nos grandes operadores”, às custas dos pequenos, “quer sejam privados ou públicos”, destacou ainda.

 

 

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