Exportações de metalurgia e metalomecânica sobem 4,3% para recorde de 24 mil ME em 2023

As exportações portuguesas de metalurgia e metalomecânica atingiram em 2023 um novo recorde de 24.017 milhões de euros, mais 4,3% face a 2022, obtendo seis dos 10 melhores resultados mensais de sempre, avançou hoje a associação setorial.

Exportações de metalurgia e metalomecânica sobem 4,3% para recorde de 24 mil ME em 2023

“Com a soma de 1.653 milhões de euros de vendas ao exterior, dezembro de 2023 acumula com os 11 meses anteriores do ano e comprova mais um feito notável do setor metalúrgico e metalomecânico num ano em que, apesar da conjuntura, conseguiu acumular seis dos 10 melhores resultados de sempre no que ao comércio internacional diz respeito”, destaca a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) em comunicado.

Citado no documento, o vice-presidente executivo da AIMMAP considera tratar-se de “mais uma notável performance de um setor que já se habituou a lutar contra as adversidades, sejam elas conjunturais ou estruturais”.

“Mas não devemos fechar os olhos aos sinais de alerta, como as taxas decrescentes e as quedas homólogas, que vínhamos a observar nos meses anteriores”, adverte Rafael Campos Pereira.

Assim, as exportações de dezembro do ano passado ficaram 3,1% abaixo do mesmo período de 2022, sendo este o quinto mês consecutivo em que as exportações apresentam quebras homólogas.

Segundo alerta a AIMMAP, este facto “gera alguma apreensão quanto ao primeiro semestre de 2024”, até porque “o país atravessa uma situação de instabilidade política, que veio somar-se à conjuntura económica menos positiva dos principais parceiros de Portugal”.

Ainda assim, a associação considera que os números agora conhecidos “são inequivocamente positivos”, enfatizando que “não só o valor absoluto foi extraordinário, como a evolução homóloga foi muito melhor do que a verificada na economia em geral”.

No ano passado, 68,5% das exportações do setor dirigiram-se para a União Europeia, com Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, para além dos EUA, a assumirem especial destaque.

Este ano, Rafael Campos Pereira alerta para o facto de se esperar “um maior arrefecimento da economia e um pequeno crescimento do desemprego”, enquanto o consumo “deverá permanecer muito moderado, registando-se uma maior retração da procura”.

“A economia nacional continua a apresentar um crescimento muito anémico, apenas alavancado pelas exportações e pelo investimento que as empresas fazem para alimentar essas exportações. Ora, perante o abrandamento das exportações e arrefecimento da procura externa, e numa altura em que o financiamento às empresas está em queda e as taxas de juro apresentam uma subida gradual, temos de nos inquietar e preocupar com o futuro”, sustenta.

Para o dirigente associativo, “se em 2023 a inflação esteve mais controlada, não há certezas se essa situação vai manter-se ao longo deste ano”, sendo que “os dois cenários de guerra, na Ucrânia e em Gaza, e a atual crise no Mar Vermelho, deixam grande incerteza a esse respeito e permitem antecipar um cenário de novos constrangimentos nas cadeias de abastecimento, bem como subida dos custos de transporte.”

Neste contexto internacional, o vice-presidente executivo da AIMMAP diz ser “urgente que haja um Governo estável em Portugal, que não intervenha excessivamente na economia, capaz de criar condições para as empresas criarem riqueza para que seja distribuída por todos”.

Na sua opinião, a prioridade do futuro Governo deverá ser “criar um ambiente de algum consenso, sem dogmas, sem preconceitos e sem egocentrismos partidários, e promover a descida dos impostos sobre o rendimento, no sentido de ajudar a aumentar os salários líquidos dos trabalhadores através da redução do IRS e de promover o investimento com valor acrescentado por via da redução do IRC”.

“A estabilidade política em Portugal é fundamental para melhorar os índices de confiança dos agentes económicos e para que o mercado financeiro funcione de forma equilibrada, não submetendo as empresas a enfrentar condições de financiamento espartilhantes. Por outro lado, uma política de IRC justa, liberta recursos para que as empresas apostem na produtividade e no valor acrescentado”, concretiza.

“Estas são duas condições evidentes para que as duas alavancas do crescimento da nossa economia (exportação e investimento das empresas), mantenham a força para continuarem a ser motores de desenvolvimento”, acrescenta.

PD // EA/MSF

By Impala News / Lusa

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