BCP diz que lucros são “adequados” e que servem a economia

Os líderes do BCP consideraram hoje que os lucros apresentados não são excessivos, mas adequados, e que o reforço e solidez dos bancos serve a economia e permite concorrer com as congéneres internacionais.

BCP diz que lucros são

“Os lucros são adequados e são investidos no reforço da capacidade do banco em servir a economia portuguesa e gerar valor e prosperidade para o país”, afirmou o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, na conferência de imprensa de apresentação das contas de 2023, no Tagus Park, em Oeiras (o BCP teve lucros históricos de 856 milhões de euros em 2023, quatro vezes mais do que em 2022).

O gestor disse que o BCP tem a “obrigação de prestar contas”, incluindo explicar os lucros, até porque é o “único cotado em mercado” e tem 120 mil acionistas.

No mesmo sentido, o presidente não executivo, Nuno Amado, disse que os lucros dos bancos se devem ao capital elevado que têm (referiu que o BCP tem capitais próprios de 6.000 milhões de euros), às exigências regulamentares e atualmente às taxas de juro.

“Tem componente excecional e recorrente”, explicou Amado, considerando ainda que os lucros estão alinhados com os dos bancos estrangeiros e que é importante a banca portuguesa estar reforçada para poder competir.

“Concorremos com bancos europeus que têm níveis de capital e rentabilidade fortes. Se nós formos os coitadinhos vamos desaparecer. (…) Se tivermos sub rentabilidade, a prazo isto paga-se na economia”, afirmou.

Questionado sobre aumentos salariais, Miguel Maya disse que não comenta diretamente temas que negoceia com sindicatos, mas que a “distribuição da prosperidade” do banco (entre trabalhadores, acionistas e reforço de capital) beneficia mais os trabalhadores porque a recebem nos seus salários, mas também quando o banco “reforça a sua resiliência porque é a garantia do futuro do banco” e dos seus empregos.

“Se não estamos onde temos de estar do ponto de vista da remuneração, têm toda a razão. Estamos a fazer esse caminho, é um caminho que tem de ser feito de forma correta, rigorosa. Estou absolutamente tranquilo nesta equação de distribuição da prosperidade que vai sendo gerada”, vincou Maya.

O BCP apresentou uma proposta de aumentos salariais de 2,125% este ano, tendo os sindicatos do setor bancário da UGT (que reivindicam 6%) rejeitado e considerado que o BCP é “mais um banco” em que a administração não reconhece “o empenho e o esforço dos seus trabalhadores”.

Sobre o Novo Banco, o BCP disse que a compra não faz parte da sua estratégia de crescimento, que o objetivo é crescer organicamente e ter um banco “eficiente, rentável e a servir clientes”, ainda que admitindo que, quando o Novo Banco for para mercado, olhará para essa oportunidade.

Nuno amado disse ainda que já contribuiu com 480 milhões de euros para o Novo Banco, através da contribuição extraordinária para o Fundo de Resolução bancário.

“Neste momento estamos na fase de pagar. Não é muito fácil pagar a um concorrente”, afirmou.

Por seu lado, Maya recordou que há anos que critica o mecanismo do Novo Banco, nomeadamente sobre que entidades recai a fatura por considerar que o BCP é prejudicado, frisando que não parará de fazer essa crítica a políticos e reguladores.

Quanto à operação na Polónia, Maya voltou a dizer que “não está em cima da mesa” a venda do polaco Bank Millennium e que o BCP não sustenta o banco polaco, pois este tem capacidade de gerar capital e não condiciona o grupo.

Por fim, quanto às eleições legislativas, os responsáveis do BCP foram prudentes. O presidente não executivo, Nuno Amado, afirmou que é normal esta ser uma altura intensa de discussão de propostas, mas que a partir de 10 de março, o importante é que o período pós-eleitoral seja “marcado pelo pragmatismo” com políticas de contas públicas sustentáveis e que fomentem o crescimento pois sem crescer “não há distribuição de riqueza”.

IM // EA

By Impala News / Lusa

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