Taxa de desnutrição crónica em crianças angolanas com menos de 5 anos subiu para 40%
A taxa de desnutrição crónica em crianças menores de 5 anos em Angola é de 40%, mais dois pontos percentuais em oito anos, segundo dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2023-2024, orçado em 9,5 milhões de dólares (8,4 milhões de euros), em Angola 40% das crianças menores de 5 anos sofrem de desnutrição crónica (baixa altura para a idade), sendo que a percentagem é maior na zona rural (51%).
Na zona urbana, a percentagem de crianças com desnutrição crónica é de 31%, conforme dos dados da segunda edição do IIMS apresentados hoje, em Luanda, pelo INE angolano.
A desnutrição crónica é mais elevada nas províncias do Bié (56%), Cuanza Sul (53%), Uíje (48%), Huambo (47%), Huíla (47%), Cuanza Norte (47%) e Malanje (45%). Luanda, capital angolana, regista a taxa mais baixa do país com 24%, sendo que a nível nacional as províncias registam uma taxa média de prevalência de 29%.
De acordo com o estudo, a desnutrição crónica em Angola aumentou de 38% em 2015-2016 (período em que foi realizado o primeiro IIMS) para 40% em 2023-2024. Neste período, crianças com baixo peso aumentou de 19% para 21% e a percentagem de crianças com desnutrição aguda manteve-se em 5%.
Apenas 3% das crianças menores de 5 anos em Angola estão com sobrepeso, lê-se no inquérito.
Em relação ao estado nutricional das mulheres em Angola, a pesquisa salienta que 10% das mulheres entre os 20 e 29 anos são magras, enquanto 27% estão com sobrepeso ou são obesas.
“Entre as mulheres adolescentes de 15-19 anos, 21% são magras, sendo que 5% delas são moderadas ou gravemente magras. Oito por cento das mulheres adolescentes estão com sobrepeso”, adianta do estudo.
O IIMS 2023-2024 destaca ainda que as taxas de mortalidade infantil e de mortalidade de menores de cinco anos são agora de 32 e 52 mortes por 1.000 nados vivos, respetivamente, para o período de cinco anos anteriores ao inquérito.
A taxa de mortalidade neonatal passou de 24 para 16 mortes por 1.000 nados vivos: “Com estes níveis de mortalidade, uma em cada 19 crianças em Angola não sobrevive até o seu quinto aniversário”, observa-se no estudo.
A pesquisa congrega igualmente dados sobre o planeamento familiar, água, saneamento e higiene, cuidados de saúde materna e neonatal, fecundidade e seus determinantes e outros.
O diretor geral do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, Joel Futi, deu conta, na ocasião, que o IIMS 2023-2024 durou seis meses, envolveu 189 agentes em todo território angolano e custou aos cofres do Estado perto de 9,5 milhões de dólares.
“Os maiores desafios, pós inquérito, primeiro tem a ver com os nossos decisores políticos, as pessoas que traçam as políticas de governação deste país, porque sabemos que a informação estatística deve servir de base para a adoção de políticas”, referiu o dirigente, observando que “políticas sem estatísticas não têm valor”.
Já o secretário de Estado da Saúde para Área Hospitalar de Angola, Leonardo Inocêncio, sinalizou a importância do inquérito, considerando que este fornece informações essenciais que servirão de base para a avaliação do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027.
DAS // JMC
By Impala News / Lusa
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