Reabilitação de Capela do Baluarte é “luz verde” para retoma de turistas à Ilha de Moçambique

A reabilitação da Capela de Nossa Senhora do Baluarte representa a “luz verde” da retoma de turistas à Ilha de Moçambique, no norte, atraídos pelo único monumento de estilo manuelino da costa oriental de África, com mais de 500 anos

Reabilitação de Capela do Baluarte é

“Uma vez reabilitada ganha um novo aspeto, a igreja fica muito mais limpa, mais bonita. Mesmo de longe consegue ser vista por qualquer navegador que passa por lá, chama a atenção”, explicou à Lusa Silvério Nauaito, administrador do distrito da Ilha de Moçambique, em Nampula, sem esconder a sua satisfação e alegria pela boa nova, com a preparação para o arranque da obra.

Para a reabilitação daquele monumento, a empresa portuguesa Mota-Engil, que também será responsável pelas obras, vai desembolsar 500.000 euros, o mesmo valor comparticipado pelo instituto Camões, de Portugal, cuja presidente, Ana Paula Fernandes, visita na quinta-feira o local, para conhecer o projeto.

A reabilitação do monumento, por um milhão de euros, deverá ser concluída até 2026, ano em que termina o atual programa de cooperação entre Portugal e Moçambique.

A capela é a mais antiga construção de alvenaria de toda a costa africana do oceano Índico e o mais antigo edifício europeu hoje de pé, por onde vários navegadores passaram e realizaram celebrações e cerimónias de tomada de posse.

“Agora, finalmente, conseguimos essa luz verde para restaurarmos o monumento e queremos acreditar que vai ficar tal e qual estava inicialmente. E vai continuar com a sua atração, não só para os ilhéus, como também para os turistas que vêm de propósito visitar a ilha e os seus monumentos”, disse Silvério Nauaito, que também já geriu a Capela de Nossa Senhora do Baluarte durante os 19 anos em que foi diretor do Museu da Ilha de Moçambique, assumindo-se como uma das pessoas que lutou pela sua reabilitação.

Hoje, já em outra função, vê acender uma “luz verde” para a materialização do desejo ao receber a “notícia bastante espetacular” da restauração do edifício erguido em 1522 pela armada portuguesa, a caminho da Índia, e que está dentro do perímetro da fortaleza de São Sebastião.

“Para alguém que estava de certa forma muito ligado ao edifício é maior a minha alegria, nem consigo medir, é incomensurável”, disse o administrador da Ilha de Moçambique, referindo que a nova imagem da capela vai atrair mais turistas, cruzeiros e outras embarcações ao identificarem de longe “um pontinho branco no meio do mar”.

O edifício, onde estão 13 túmulos, permanece firme num banco de coral, mesmo à beira do mar, apesar de parte do teto caído, o púlpito destruído, cor desgastada e o esqueleto corroído pelo salitre em mais de cinco séculos de marés e ciclones.

“Atualmente não temos tido muitas visitas, embora uma e outra vez haja curiosos”, lamentou José Andrade, técnico do departamento de conservação e restauro do Museu da Ilha de Moçambique, acrescentando que alguns turistas têm medo de visitar a igreja devido ao seu estado de degradação.

“Acredito que depois da reabilitação isto vai chamar mais pessoas”, referiu José Andrade, parado mesmo em frente à capela, depois de exibir cada compartimento do edifício à Lusa e explicar como eram feitas as missas no local.

A Ilha de Moçambique foi declarada Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1991, e para o embaixador de Portugal em Maputo a reabilitação da Capela é um dos pontos altos da cooperação bilateral.

“Aguardamos a todo o momento que se iniciem as obras, estamos já numa fase muito avançada de recuperação do edifício que tem um elevadíssimo significado histórico e cultural para ambos os países”, referiu à Lusa António Costa Moura, embaixador de Portugal em Moçambique, sem avançar a data de início das obras.

LN (EAC/LFO) // VM

By Impala News / Lusa

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