Projeto de digitalização “FILMar” devolve cinema português ao público

Cerca de uma centena de filmes portugueses digitalizados pela Cinemateca Portuguesa vão ser exibidos, a partir de quinta-feira, por todo o país, na última etapa do projeto de digitalização “FILMar”.

Projeto de digitalização

O ciclo, anunciado pela Cinemateca, intitula-se “A última vaga” e propõe, até ao final de abril, a apresentação em cineclubes, cineteatros e museus de cerca de 100 filmes que atravessam o século XX, produzidos entre 1913 e 2007, e que foram alvo de restauro e digitalização com financiamento europeu.

O projeto “FILMar” foi lançado em 2020 e aplicado pela Cinemateca Portuguesa, com um financiamento de mais de 800 mil euros, através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), para o qual contribuem a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega.

O objetivo do projeto era digitalizar 10.000 minutos de cinema português cuja temática se relacionasse, de alguma forma, com o mar, mas o trabalho em curso permitiu ultrapassar aquela marca, disse à agência Lusa o coordenador do projeto, Tiago Bartolomeu Costa.

Segundo o responsável, foram digitalizados cerca de 12.000 minutos, estando validados 150 filmes, entre curtas e longas-metragens. “Existem outros que estão ainda em trabalho, com realizadores, diretores de fotografia, em processo de restauro e que vão ser acrescentados à lista”.

“‘A última vaga’ é a possibilidade de nós levarmos ao território nacional o trabalho de identificação, preservação e digitalização do património fílmico relacionado com o mar que foi trabalhado ao longo de três anos”, disse.

Desde que foi lançado, em 2020, o projeto “FILMar” foi tendo vários momentos de apresentação pública de filmes, à medida que iam sendo digitalizados, mas este ciclo final quer demonstrar a possibilidade de criação e uma “rede de empatias entre quem trabalha no terreno e a Cinemateca”.

O objetivo é assegurar que os filmes que foram digitalizados “encontram um público que não sabia a importância de alguns [deles] para a memória coletiva visual”, disse.

Para Tiago Bartolomeu Costa, o projeto “FILMar” demonstrou que “a história [deste cinema português] está ainda por escrever, disponibilizando o acesso a filmes que “não eram considerados de pleno direito da história do cinema”.

Em comunicado, a Cinemateca Portuguesa enumera o vasto programa de “A última vaga” até ao final de abril, com cerca de 200 sessões de cinema em mais de trinta locais, quatro exposições complementares e lançamento de livros.

Segundo a Cinemateca, um dos objetivos do “FILMar” é a possibilidade de “devolução dos títulos às comunidades, razão pela qual os filmes são apresentados em diálogo estreito com projetos que operam no terreno”.

A título de exemplo, no Funchal serão exibidos, em parceria com o “Screenings Funchal”, os filmes “O fauno das montanhas” (1926), de Manuel Luiz Vieira, e “Porto Santo” (1997), de Vicente Jorge Silva, ambos rodados no arquipélago da Madeira; e Leiria vai acolher uma retrospetiva dedicada ao cineasta leiriense António Campos, em colaboração com o MiMo — Museu da Imagem em Movimento e o Teatro Miguel Franco.

Um dos destaques da programação é a exibição do filme “As ilhas encantadas” (1965), de Carlos Vilardebó, com Amália Rodrigues no elenco, que estará em itinerância por locais como Coimbra, Guimarães, Montemor-o-Novo e Santarém, além de Lisboa, onde está prevista uma exposição com fotografias de Augusto Cabrita, feitas na rodagem do filme.

Com a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, a Cinemateca apresentará o filme “A Fuga” (1978), de Luís Filipe Rocha na abertura do Museu Nacional Resistência e Liberdade, em Peniche.

“São muitos os exemplos, num trabalho de construção de uma rede de cumplicidades, que permitiu que muitos destes filmes possam ser exibidos pela primeira vez em condições adequadas, e contribuindo para uma rede de públicos”, sublinhou a Cinemateca Portuguesa.

Toda a programação ficará disponível na página oficial da Cinemateca Portuguesa.

SS // MAG

By Impala News / Lusa

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