Primeiro-ministro da Guiné-Bissau pede para crianças irem à escola, sobretudo as meninas

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Geraldo Martins, pede a pais e encarregados de educação para deixarem as crianças ir à escola, sobretudo as meninas, e promete políticas de sensibilização e criação de condições para a escolarização da população.

Primeiro-ministro da Guiné-Bissau pede para crianças irem à escola, sobretudo as meninas

O propósito foi deixado numa entrevista à Lusa, por ocasião dos 100 dias do Governo PAI-Terra Ranka, que decorreu nos jardins do maior liceu nacional da Guiné-Bissau, na capital do país, local que o primeiro-ministro escolheu para esta entrevista.

Geraldo Martins estudou neste liceu público, licenciou-se, mais tarde, em Química-Física e em Direito e chegou a quadro sénior do Banco Mundial, além de ter sido ministro da Economia e Finanças e assumido, também, a pasta da Ciência e Tecnologia em anteriores governos.

Nos eixos do programa do Governo que agora lidera, Geraldo Martins reserva para a Educação a construção de mais escolas, a diminuição da descontinuidade escolar, através da integração dos diferentes ciclos nas escolas, a formação de mais professores e políticas de sensibilização dos pais e encarregados de educação, sobretudo para deixarem que as raparigas vão à escola.

Mais de dois terços das crianças da Guiné-Bissau não concluem o ensino básico e as mulheres são as mais afetadas pelo analfabetismo, que atinge cerca de 70% das adultas.

O primeiro-ministro quer mudar o atual estado das coisas e diz que “há alguns programas que já existem e que estão a ajudar nesse sentido”, por exemplo, o programa de cantinas escolares que, não só dá refeições aos alunos, mas dá também géneros às raparigas para poderem ir à escola.

“Sabemos que há vários constrangimentos, há vários obstáculos, até do ponto de vista sociológico, que impedem que as crianças, sobretudo as raparigas, possam ir à escola”, reconheceu.

O primeiro-ministro concretizou que “há problema do lado da oferta com escolas de ciclo incompleto” que “só oferecem até à quarta classe ou há escolas que oferecem até à sexta classe e depois não há continuação”.

“Há uma descontinuidade escolar, é preciso investir nesse aspeto em termos de oferta, é preciso formar mais professores”, enfatizou, apontando o “esforço que foi feito nos últimos anos em termos de alargamento da capacidade de formação de professores, mas também da desconcentração das escolas de formação”.

As carências existem também ao nível da formação superior na Guiné-Bissau.

A universidade Amílcar Cabral é a única universidade pública do país e não está a funcionar.

O primeiro-ministro explicou que este Governo herdou “uma situação um pouco difícil”, mas garantiu que está “a intervir”, especificando que já nomeou um corpo diretivo e está “a criar condições para que as aulas comecem gradualmente”.

Acrescem, ainda, “situações de dívidas”, sobretudo a professores contratados, que o executivo “está a trabalhar no sentido de poder liquidar para que os professores contratados da Universidade Amílcar Cabral possam começar a dar aulas”.

A situação da universidade ganhou visibilidade com a associação de estudantes a pedir a demissão da reitoria, em 2022, alegando má gestão, atraso na contratação de professores e no início do ano letivo.

“Eu não estou aqui para estar a lamentar a situação que nós herdámos. Como se costuma dizer, a governação é de continuidade, mas a verdade é que herdámos uma situação extremamente difícil do ponto de vista das Finanças Públicas e há muitas prioridades, muitos problemas e esses problemas têm que ser praticamente todos resolvidos ao mesmo tempo”, disse o primeiro-ministro.

O Governo tomou posse a 13 de agosto e resultou da nova composição da Assembleia Nacional Popular, com 102 deputados representativos de nove partidos.

O MADEM-G15, o partido do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, é o único da oposição, já que todos os outros apoiam a coligação da maioria que governa a Guiné-Bissau, liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

A coligação elegeu 54 deputados do PAIGC, da União para a Mudança (UM), do Partido da Convergência Democrática (PCD), do Partido Social Democrata (PSD) e do Movimento Democrático Guineense (ODM).

Aos cinco partidos juntaram-se mais tarde, através de um acordo de incidência parlamentar, o Partido da Renovação Social (PRS), com 12 deputados, o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), com cinco deputados, e um eleito do APU-PDGB.

 

HFI/MB // MLL

By Impala News / Lusa

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