
Pedro Duarte encabeça petição para suspender 2.ª fase do metrobus do Porto
“O bom senso reclama que haja ponderação antes de avançar com esta segunda fase. Porque esta segunda fase implica uma alteração – eu diria uma destruição – irreversível desta zona da Avenida da Boavista tal qual a conhecemos”, disse hoje Pedro Duarte à Lusa.
Em causa está o projeto da segunda fase do metrobus, entre Pinheiro Manso e a Anémona, que esteve parada em tribunal mas já pode avançar.
“Isso implica suspender a obra, implica encontrar alternativas, porque nós acreditamos que há alternativas que vão cumprir o objetivo de mobilidade da cidade, que nós compreendemos e aceitamos, de interligar uma rede de transporte público, mas há alternativas que permitem preservar as árvores, o tal equilíbrio paisagístico junto ao Parque da Cidade e que permitem preservar a ciclovia”, defendeu.
O também líder da distrital do PSD/Porto refere que não é objetivo dos peticionários “acabar com o projeto do metrobus”, que está “numa fase em que já não dá para voltar para trás”, mas levar o projeto a “ser repensado, sem isso implicar qualquer perda de fundos” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Em concreto, a petição “Por uma Avenida da Boavista Verde, Humanizada e Sustentável” recusa “o avanço da segunda fase do metrobus em canal dedicado na Avenida da Boavista”, defende que se impeça “o abate de dezenas de árvores, preservando o património arbóreo existente” e que se salvaguarde “a atual ciclovia, reconhecida como um exemplo de mobilidade suave e sustentável”.
A petição refere que a cidade “continua sem conhecer, nem confiar, na eficácia” do metrobus, que ainda não está ao serviço, apontando que, na segunda fase, “ao impor um canal exclusivo e segregado para os veículos do BRT [metrobus], compromete-se a preservação do património arbóreo, desqualifica-se o espaço pedonal e elimina-se a experiência ciclável da avenida”.
O ainda ministro dos Assuntos Parlamentares manifestou à Lusa que “o próprio modelo do autocarro a hidrogénio” lhe suscita “algumas dúvidas”, lembrando que havia soluções já testadas como “viaturas elétricas”, “elétricos rápidos e outras soluções em que os carris permitem estar assentes em relva, por exemplo”.
Pedro Duarte disse que mais de uma centena de árvores poderiam vir a “ser destruídas” pelo projeto, mas de acordo com o concurso público consultado pela Lusa em janeiro de 2024, essas árvores “terão, na sua maioria, viabilidade para o transplante direto ou, no caso da programação de obra não o permitir, no transplante com armazenamento temporário em viveiro, pelo que está previsto o transplante de todos os exemplares” nas proximidades.
Já questionado acerca da ciclovia, uma vez que o projeto da segunda fase prevê que se mantenha uma, o candidato autárquico explicitou que a petição visa preservar “esta ciclovia, que tem um enquadramento muito diferente dentro de qualquer outra dentro da cidade”.
Quanto à obra já executada na Avenida da Boavista, sem ciclovia e com parcos espaços verdes, Pedro Duarte assume que se tivesse sido ele a decidir “nunca teria sido esta a opção”, considerando que “deveria ter havido uma outra preocupação ‘verde'”, com soluções “que já existem noutras cidades europeias”.
“Mas não foi essa a opção. Era o que faltava agora voltarmos a mais obras para destruir aquilo que acabou de ser feito. O meu foco nesta altura, e das pessoas que me acompanham nesta petição, é basicamente tentarmos que, pelo menos naquilo em que vamos a tempo, tentarmos evitar que sejam cometidos os mesmos erros”, afirma.
Sobre os outros signatários, Pedro Duarte ainda não quis revelar nomes, pois a recolha de assinaturas começará hoje, estando prevista uma concentração no sábado no Parque da Cidade às 15:00.
JE // LIL
By Impala News / Lusa
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