Morreu Maria de Lourdes Modesto, referência da cozinha portuguesa

Maria de Lourdes Modesto, a mulher que celebrizou a cozinha tradicional portuguesa na televisão e em livros, morreu hoje em Lisboa, aos 92 anos, confirmaram fontes próximas da família.

Morreu Maria de Lourdes Modesto, referência da cozinha portuguesa

Maria de Lourdes Modesto, autora do conhecido Cozinha Tradicional Portuguesa, morreu nesta terça-feira, aos 92 anos. Estava hospitalizada há dias. Nascida em Beja em 1930, perdeu-se “uma pessoa muito importante para a cozinha portuguesa e para a nossa cultura”. “Perdi uma grande amiga. Não tenho mais palavras do que estas”, escreveu Fátima Moura, escritora e autora do blogue Conversas à Mesa.

Maria de Lourdes Modesto com honras de destaque no The New York Times

Apresentadora de um dos mais populares programas televisivos culinários, que esteve 12 anos na antena da RTP, Maria de Lourdes Nodesto chegou a ser considerada a terceira melhor gastrónoma a nível mundial, com honras de destaque no The New York Times.

Iniciou a carreira televisiva em 1958, quando, então professora de Trabalhos Manuais no Liceu Francês de Lisboa, foi convidada pela RTP para apresentar um programa de índole cultural (após uma notável prestação na peça de Molière Monsieur de Pourceaugnac, em cuja encenação estaria presente uma equipa da estação).

Foi na televisão pública portuguesa que apresentou, ao longo de 12 anos, o mais popular programa culinário de que há memória no País. Com o seu estilo particular, privilegiando o direto e o improviso (foi a pioneira portuguesa do live cooking), ganhou inúmeros admiradores. O sucesso do formato, que partia da sua paixão pela cozinha alentejana, levou-a a alargar horizontes e a estudar a culinária francesa e as tradições gastronómicas portuguesas

Escreveu vários livros de cozinha portuguesa, dos quais se destacam a Grande Enciclopédia da Cozinha, Cozinha Tradicional Portuguesa (o livro de culinária mais vendido em Portugal) e Receitas Escolhidas. O seu nome está ainda ligado à tradução e à edição de inúmeras obras estrangeiras. Conhecida como A Diva da Gastronomia Portuguesa, foi colhendo honras e louros nos mais variados palcos.

José Quitério aclamou-a como “uma das cada vez mais raras Guardiãs do Fogo”. O The New York Times chamou-lhe, num artigo de 4 de Março de 1987, Portugal’s Julia Child. Também Miguel Esteves Cardoso, na sua coluna Ainda Ontem, a louvou como “uma das três grandes génios nascidas no século XX” em Portugal. Em 9 de Junho de 2004 foi feita Comendadora da Ordem do Mérito. Foi casada com Carlos Assis de Brito, que conheceu quando trabalhou na RTP. Faleceu hoje, dia 19 de Julho de 2022, com 92 anos.

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