Médicos moçambicanos solidários com profissionais de saúde em greve

A Associação Médica de Moçambique (AMM) manifestou-se hoje solidária com profissionais de saúde que estão em greve há mais de 20 dias, considerando as revindicações deste grupo legítimas.

Médicos moçambicanos solidários com profissionais de saúde em greve

“Apesar de não abranger a classe médica, a AMM reconhece que a greve é legítima e se solidariza com os profissionais de saúde”, refere a associação, em comunicado emitido hoje, após uma reunião ordinária da direção.

Em causa está uma greve iniciada há 22 dias pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos do Sistema Nacional de Saúde, exceto os médicos.

Segundo a AMM, a greve da APSUSM está a afetar a “já martirizada” sociedade que depende do sistema nacional de saúde e é necessário reforçar o diálogo entre o grupo e o Governo.

“Apelamos que seja reforçado o diálogo entre as partes, de modo a encontrar soluções a breve trecho para o benefício da população moçambicana”, refere-se no comunicado.

Entre outros aspetos, a APSUSM exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, que têm, em alguns casos, de ser adquiridos pelos pacientes, a aquisição de camas hospitalares, a resolução do problema da “falta de alimentação”, bem como o equipamento de ambulâncias com materiais de emergência e equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta vai “obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso”.

Desde julho do ano passado, o Sistema Nacional de Saúde moçambicano tem enfrentado momentos de crises provocadas por greves, primeiro pela Associação Médica de Moçambique (AMM) e depois pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), ambos interrompidos, em vários momentos, para dar espaço ao diálogo com o Governo.

No comunicado de hoje, a AMM lembra que continua a negociar com o Governo, destacando que, apesar de progressos, “parte importante das reivindicações continuam sem resolução”, prometendo um pronunciamento para breve.

Algumas das reclamações apresentadas por estes dois grupos desde o ano passado estão ligadas à aplicação da nova tabela salarial na função pública, alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais devido a atrasos salariais e cortes injustificados.

Aprovada em 2022 para eliminar assimetrias e manter a massa salarial do Estado sob controlo, o seu arranque fez disparar os salários em cerca de 36%, de uma despesa de 11,6 mil milhões de meticais/mês (169 milhões de euros/mês) para 15,8 mil milhões de meticais/mês (231 milhões de euros/mês).

A tabela custou cerca de 28,5 mil milhões de meticais (410 milhões de euros), “mais do que o esperado”, segundo um documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a avaliação ao programa de assistência a Moçambique, consultado pela Lusa em janeiro deste ano.

EAC // MLL

By Impala News / Lusa

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