Médicos de família com utentes que fizeram aborto podem ser penalizados

Médicos de famílias com utentes que fizerem aborto voluntário podem vir a ser penalizados caso o Governo aceite uma proposta com novos critérios de avaliação nas Unidades de Saúde Familiar modelo B (USF-B).

Médicos de família com utentes que fizeram aborto podem ser penalizados

De acordo com o jornal Público, os médicos de família, assim como os restantes elementos das equipas, podem vir a ser avaliados por interrupções voluntárias da gravidez (IVG), também conhecido como aborto, realizadas pelas utentes da sua lista e pela existência de doenças sexualmente transmissíveis(DST) nas mulheres. Em causa está a eventual introdução de novos critérios de avaliação nas USF-B “nas atividades especificas, que é uma componente que permite às equipas receber, de acordo com o cumprimento de metas, um valor adicional ao ordenado-base”. O modelo B de USF em comparação com o modelo A é mais exigente, com maior autonomia e mais incentivos financeiros.

Principal suspeito da morte de adepto do FC Porto ouvido hoje pela Polícia Judiciária
Renato Gonçalves, principal suspeito da morte de adepto do FC Porto, tem 19 anos, é empregado dos Super Dragões e lutador de UFC (… continue a ler aqui)

Os novos critérios foram propostos pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), validados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), e o Grupo de Apoio às Políticas de Saúde na área dos cuidados de saúde primários, e foram enviados ao Ministério da Saúde no ano passado, que ainda está a analisar, refere o jornal. O coordenador para a reforma dos cuidados de saúde primários, João Rodrigues, sublinhou em declarações ao Público que “o objetivo do planeamento familiar é evitar a gravidez indesejada e [que os médicos] têm de ser avaliados por isso”. “A qualidade é evitar a gravidez indesejada. É preciso criar condições para que existam consultas de pré-conceção, consultas para quem quer iniciar a sua vida sexual. Se não tiver este indicador nunca vou criar estímulos para isso. Esse indicador pode e deve ajudar na aposta que se deve fazer na prevenção”, disse.

“O objetivo do planeamento familiar é evitar a gravidez indesejada e [que os médicos] têm de ser avaliados por isso”

João Rodrigues recusou igualmente a ideia de penalização, sublinhando que “o que existe é uma discriminação positiva”. “Quem faz bem, recebe um suplemento”, refere, já que além do ordenado-base existe esta componente remuneratória associada à qualidade segundo indicadores da DGS. A coordenadora da Comissão Nacional de Medicina Geral e Familiar da Federação Nacional de Médicos (FNAM), Carla Silva, disse ao jornal que esta proposta foi uma surpresa completa. “Contestamos estes indicadores. Isto tem implicações na remuneração e nada foi discutido com os sindicatos”, referiu a médica ao jornal, realçando que as atividades especificas das USF-B foram definidas por um decreto-lei e que este não sofreu qualquer alteração.

Carla Silva destacou igualmente que “os indicadores da IVG e DST podem provocar uma prática de desigualdade de género nos cuidados de saúde primários” e, por isso, a FNAM enviou uma exposição à Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. No documento enviado, a FNAM “repudia vivamente a desigualdade de género introduzida com esta vigilância” e defende “a reformulação imediata desta variável”. A FNAM diz que a “monitorização de doenças sexualmente transmissíveis nas mulheres — monitorização que não tem paralelo nos homens — configura uma discriminação de género” e é “sinal de um retrocesso civilizacional”.

Impala Instagram


RELACIONADOS