Festival de Cannes com escolhas políticas e sem Netflix

Filmes de Jean-Luc Godard, Spike Lee e Jafar Panahi foram selecionados para a competição do Festival de Cinema de Cannes, marcado para maio em França, numa edição que deixa de fora a plataforma Netflix.

Festival de Cannes com escolhas políticas e sem Netflix

Filmes de Jean-Luc Godard, Spike Lee e Jafar Panahi foram selecionados para a competição do Festival de Cinema de Cannes, marcado para maio em França, numa edição que deixa de fora a plataforma Netflix.

Em conferência de imprensa, o diretor do festival, Thierry Frémaux, anunciou os filmes da seleção oficial, incluindo 18 longas-metragens em competição pela Palma de Ouro, entre as quais “Le livre d’image”, de Jean-Luc Godard, “BlacKkKlasman”, de Spike Lee, “Three Faces”, de Jafar Panahi, e “Summer”, de Kirill Serebrennikov.

Da lista de cineastas convocados, e num gesto político internacional, a organização do festival disse que conta ter em Cannes o realizador iraniano Jafar Panahi e o russo Kirill Serebrennikov, que têm sofrido pressões políticas nos respetivos países.

Frémaux explicou que enviou uma carta às autoridades iranianas a pedir para que Jafar Panahi possa viajar para Cannes. Impedido de sair do país, o realizador iraniano dissidente tem filmado de forma praticamente clandestina e em 2015 conseguiu mostrar o filme “Taxi” em Berlim, recebendo o prémio Urso de Ouro.

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Kirill Serebrennikov, diretor artístico do Centro Gogol, foi detido em 2017 e mantido em prisão domiciliária, por suspeita do desvio de fundos públicos. Pela dimensão mediática, o presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou qualquer ação de censura ou pressão sobre o encenador e realizador.

Das restantes escolhas para Cannes, assinala-se o regresso de Spike Lee à disputa pela Palma d’Ouro, 27 anos depois de ter apresentado “Febre da selva”, a seleção de novos filmes de Matteo Garrone (“Dogman”) e Christophe Honoré (“Sorry Angel”), assim como a presença de três mulheres: Eva Husson (“Les filles du soleil”), Nadine Labaki (“Capernaum”) e Alice Rohrwacher (“Lazzaro Felice”).

Questionado pelos jornalistas sobre a ausência de “O homem que matou D. Quixote”, de Terry Gilliam, Thierry Frémaux respondeu, de forma lacónica, que a seleção não está ainda fechada e que há processos judiciais a decorrerem em tribunal.

A abertura do festival fica por conta de “Todos lo saben” (“Everybody Knows”), primeiro filme em espanhol do realizador iraniano Asghar Farhadi, que está também em competição.

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Fora de competição, destaque para a estreia de “O grande circo místico”, uma coprodução luso-brasileira e francesa do realizador brasileiro Cacá Diegues, e “Solo: A Star Wars story”, de Ron Howard, um novo filme que deriva da saga “Guerra das Estrelas”.

Este ano, a produtora e plataforma de ‘streamming’ Netflix decidiu não apresentar qualquer filme em Cannes, em resposta a uma nova regra imposta que proíbe a escolha de filmes que não tenham distribuição em sala no circuito francês.

“Queremos estar em pé de igualdade com outros realizadores”, disse o diretor de conteúdos da Netflix, Ted Sarandos, em entrevista na quarta-feira à revista norte-americana Variety.

Cannes assinalará ainda os 50 anos de “2001: Odisseia no Espaço” e os 90 do nascimento do realizador Stanley Kubrick, com a estreia de uma cópia de 70 mm, numa que será apresentada por Christopher Nolan.

O 71.º Festival de Cannes decorrerá de 08 a 19 de maio e o júri será presidido pela atriz australiana Cate Blanchett.

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