Mais de 100 mil alunos estão sem aulas, estima Fenprof

A Fenprof estima que haja mais de 100 mil alunos sem todos os professores atribuídos, um problema que afeta escolas de todo o país e que se poderá agravar nos próximos tempos.

Mais de 100 mil alunos estão sem aulas, estima Fenprof

“Posso afirmar sem medo de errar que são certamente mais de 100 mil alunos” sem todos os professores atribuídos, avançou hoje o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, durante uma conferência de imprensa em que revelou os resultados de um inquérito realizado junto das escolas de todo o país. O levantamento realizado entre os dias 16 e 23 de setembro com base nas respostas de 27% das escolas do país revelou que a falta de docentes abrange praticamente todas as disciplinas e todas as zonas do país.

“Nestas duas semanas, até dia 23, o ano letivo abriu com 73,7% a terem falta de professores”, disse Mário Nogueira, explicando que existem situações muito dispares que vão desde estabelecimentos de ensino onde faltam apenas um docente até casos em que faltam 34: “Tudo aconteceu nas escolas”, disse. Em 73,7% das escolas faltavam sobretudo professores de Informática, Físico-Química, Português, Matemática, Biologia-Geologia, mas também de educadores de infância e professores do 1.º ciclo, segundo os resultados do levantamento.

Jovens são solução para colmatar falta de professores

Em muitos estabelecimentos de ensino, a falta de professores está a ser colmatada com o recurso a não profissionalizados, “jovens que não optaram pela profissão de professor mas que acabaram por optar por vir dar aulas”, explicou Mário Nogueira. A situação é mais notória na zona de Lisboa e Algarve, onde “60% das escolas e agrupamentos já tinha recorrido, só nas duas primeiras semanas de aulas, a pessoal não profissionalizado para dar aulas”. Mário Nogueira criticou esta medida: “Gostava de ver as pessoas a submeterem-se a uma cirurgia por gente sem habilitação própria, fazer uma viagem de avião com um piloto sem curso porque já não havia dos outros, mas para as escolas vai-se resolvendo”.

No resto do país, a situação é mais residual. No norte, por exemplo, só 2,7% das escolas recorreu a professores apenas com habilitação própria e, no centro do país, a situação ocorreu em 20% das escolas. No “retrato do que foi o início do ano letivo”, a Fenprof identificou também a falta funcionários: “Em metade das escolas e agrupamentos deu-se a abertura com falta de trabalhadores não docentes”, disse Mário Nogueira. Segundo o secretário-geral, a falta de funcionários está a levar as direções de algumas escolas a “obrigar professores a fazer o papel de assistentes operacionais”.

No 1.º ciclo, há diretores a pedir aos professores que fiquem a tomar conta das crianças durante os intervalos, segundo informações que chegaram à Fenprof e foram hoje reveladas por Mário Nogueira.

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