Covid-19: Forma como imigrantes foram transferidos causa indignação no Zmar

A diretora de alojamento do Zmar, em Odemira, Sandra Ferreira, mostrou hoje indignação pela forma como decorreu o processo de transferência para aquele complexo turístico de imigrantes.

Covid-19: Forma como imigrantes foram transferidos causa indignação no Zmar

A diretora de alojamento do Zmar, em Odemira (Beja), Sandra Ferreira, mostrou hoje a sua indignação pela forma como decorreu o processo de transferência para aquele complexo turístico de imigrantes a viverem sem condições de habitabilidade.

“É uma desorganização total e uma falta de respeito”, disse a responsável aos jornalistas, numa declaração lida à porta do ‘resort’, onde relatou os inúmeros contactos efetuados na quinta-feira com as autoridades locais, incluindo proteção civil municipal e GNR, para garantir a transferência dos imigrantes.

O processo de realojamento acabou por ser desencadeado, às 04:00 da madrugada de hoje, tendo sido transferidas para aquele espaço 28 pessoas, incluindo três crianças.

Todas estas pessoas tiveram testes negativos para o novo coronavírus SARS- Cov-2 que provoca a covid-19.

“Qual a necessidade, pela calada da noite, de fazerem a mudança de alojamento”, questionou.

Já sobre o cenário que se vive no interior do complexo turístico, a responsável disse que “a manhã foi de silêncio”, depois “da invasão por forças de segurança munidos de cães”.

“As imagens que vi esta manhã, enquanto circulei pelo Zmar, foram de deques e varandins das casas cheios de sacos com os pertences” dos trabalhadores e “as crianças ao colo dos pais, porque estão num sítio estranho, que não lhes diz nada”, o que “é natural”, contou.

De acordo com Sandra Ferreira, o que foi dito a quem faz parte do Zmar é que “estas pessoas têm livre-trânsito. Eles trabalham, não estão doentes, não estão infetados, não estão em isolamento profilático e têm os seus direitos”.

Apesar de todas as reivindicações, a responsável esclareceu que compreende a situação destes trabalhadores: “Acolhemos estas pessoas com todo o respeito, mas também queremos trabalhar”, vincou.

Por seu lado, Carlos Penim, diretor do Zmar, disse “ter esperança de que o administrador da insolvência consiga resolver a situação da providência cautelar que foi colocada” e “que haja bom senso por parte do Ministério da Administração Interna”, tendo em conta “os postos de trabalho” que estão em causa.

“O Zmar está insolvente, mas foi aprovado um plano de revitalização que previa iniciar, esta semana, os trabalhos de preparação para receber os nosso clientes e, como tal, quanto mais cedo resolvermos esta situação, mais cedo podemos garantir uma boa receção e acolhimento aos nossos turistas”, frisou.

As freguesias de Longueira-Almograve e São Teotónio, no concelho de Odemira, estão em cerca sanitária desde a semana passada por causa da elevada incidência de covid-19 entre os imigrantes que trabalham na agricultura na região.

Na sexta-feira, o Governo determinou “a requisição temporária, por motivos de urgência e de interesse público e nacional” da “totalidade dos imóveis e dos direitos a eles inerentes” que compõem o complexo turístico ZMar Eco Experience, na freguesia de Longueira-Almograve (Odemira), para alojar pessoas em confinamento obrigatório ou permitir o seu “isolamento profilático”.

Um total de 49 imigrantes que trabalham na agricultura no concelho, que se encontravam em habitações em sobrelotação, foram realojados hoje de madrugada, tendo 21 sido colocados na Pousada da Juventude em Almograve e os restantes no Zmar.

 

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