Costa evoca Salvador Allende e salienta universalidade da democracia

O primeiro-ministro salientou hoje a universalidade dos valores da democracia e da liberdade, num discurso em que defendeu que a História revela que as ditaduras têm sempre um fim e que um povo unido jamais será vencido.

Costa evoca Salvador Allende e salienta universalidade da democracia

Estas posições de princípio foram transmitidas por António Costa após ter inaugurado na estação do metro de Arroios, na Praça do Chile, em Lisboa, um busto do antigo Presidente chileno Salvador Allende, da autoria da escultora Margarida Santos.

Após a intervenção inicial da embaixadora do Chile em Portugal, Marina Tetelboim, em que lembrou “o exemplo” do socialista Salvador Allende, que pôs termo à sua vida antes de ser apanhado pelos militares do general Augusto Pinochet no golpe de 11 de setembro de 1973, o líder do executivo português sustentou a tese do “falhanço das terapêuticas ditatoriais” em países da América do Sul como a Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Brasil.

Tendo a escutá-lo o fundador e antigo líder do Bloco de Esquerda Francisco Louçã e o dirigente comunista João Ferreira, entre outras figuras políticas, o primeiro-ministro assinalou que assistiu recentemente, em Santiago do Chile, a convite do chefe de Estado chileno, Gabriel Boric, às cerimónias dos 50 anos do golpe que derrubou a democracia de Salvador Allende e instalou a ditadura de Augusto Pinochet.

 “O Chile, infelizmente, nessa década [de 70 do século passado], foi só um dos países que experimentaram a violência da chamada terapêutica ditatorial em toda a América Latina. Um fracasso dolorosamente contagioso”, observou.

A seguir, António Costa saudou “todos os que lutam pela liberdade e pela democracia” no mundo, falou em síntese sobre os laços históricos entre Portugal e Chile, e lembrou que o Chile ofereceu a Portugal uma estátua de Fernão Magalhães.

Fazendo um paralelismo entre Fernão Magalhães e Salvador Allende, referiu que aquela cerimónia no metro de Lisboa “homenageia outro homem que contribuiu para a circum-navegação, não física, mas mais importante: A circum-navegação dos valores da liberdade e da democracia”.

“Como se gritou no Chile e como se gritou em Portugal em 25 de Abril de 1974, o povo unido jamais será vencido”, declarou o primeiro-ministro em português e em espanhol, tendo perto de si Pilar del Rio, mulher do falecido escritor José Saramago.

Após a embaixadora do Chile ter procurado realçar “o sacrifício” de Salvador Allende e a necessidade de pedagogia dos valores democráticos junto das gerações mais jovens, António Costa retomou pouco depois essa ideia, advertindo que as democracias não são um valor adquirido.

“Mas as ditaduras têm sempre um fim”, advogou em contraponto, numa intervenção em que caracterizou o antigo presidente chileno como alguém que “personifica todos aqueles que no passado, no presente e também no futuro lutam pela liberdade e pela democracia com sacrifício da sua própria vida”.

“Quando se assinalam os 50 anos que derrubou a democracia chilena, evocamos a liberdade e a democracia”, disse, com a dirigente socialista Jamila Madeira e o deputado social-democrata Afonso Oliveira a ouvi-lo.

Em seguida, neste contexto, tal como já tinha referido recentemente em Santiago do Chile, António Costa apontou “coincidências na História”.

“Quando em 09 de setembro de 1973 os capitães se reuniram pela primeira vez para preparar o movimento que nos levaria ao 25 de Abril de 1974, nesse mesmo dia, há 50 anos, [os militares do general Pinochet] davam os últimos passos para o derrube da democracia no Chile. A democracia tem de ser diariamente acalentada, tratada e acarinhada para que possa sobreviver”, acrescentou.

 

PMF // JPS

By Impala News / Lusa

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