Corso do Carnaval de Ovar mantém-se «genuíno e português»

O Carnaval de Ovar saiu à rua com tempo nublado e alguma chuva, mas ainda assim com as bancadas de 4.100 lugares sentados esgotadas

Corso do Carnaval de Ovar mantém-se «genuíno e português»

O Carnaval de Ovar saiu este domingo à rua com tempo nublado e alguma chuva, mas ainda assim com as bancadas de 4.100 lugares sentados esgotadas, para um desfile que tem a reputação de “genuíno” e “mais português”.

O presidente da Câmara Municipal, Salvador Malheiro, assume que “é sempre um impasse muito grande” quando há que decidir se o desfile se realiza ou é cancelado devido às condições climatéricas, mas revelou que todos os grupos se mostraram empenhados em concretizar a festa quando auscultados sobre os efeitos do tempo no seu desempenho.

A venda de bilhetes para espectadores apeados ressentiu-se um pouco, mas a bancada de lugares sentados estava “completamente cheia há muitos dias”, para o que terá contribuído o carisma próprio dos carros alegóricos concebidos em Ovar, a complexidade dos trajes dos figurantes e a escolha de temas sempre de humor popular, evitando ferir suscetibilidades políticas.

“O nosso Carnaval é um modo de vida porque as pessoas de Ovar vivem-no como ninguém – não só nesta época, mas durante todo o ano – e este domingo é o culminar desse trabalho ao longo de oito meses”, avalia Salvador Malheiro. “Não quer dizer que o nosso Carnaval seja melhor ou pior do que os outros – só que é o nosso, genuíno, sem copiar ninguém”, defende.

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Rita Castro é do Porto, foi assistir ao cortejo com amigos da Maia e concorda com o autarca de Ovar: “Este Carnaval tem um cunho mais português. Não é só de samba e encontramos sempre corsos um bocadinho diferentes, em que se nota muita criatividade – e então há que apoiar quem é criativo”.

Um duo que soube materializar esse poder imaginativo foi o constituído por dois amigos bem maquilhados, com fartas cabeleiras loiras e vestidos com as saias de folhos curtas que habitualmente se associa ao traje tradicional das raparigas alemãs. Um deles já pertence ao grupo “Catitas” há 14 anos; o outro inicia-se este ano, estreia-se com canecas de cerveja feitas de esponja e até depilou as pernas para as exibir melhor em meias caneladas.

Para a “Gonçala”, que é a mais experimentada no Carnaval vareiro, o melhor da festa é o convívio: “É uma sensação boa, todos os anos tem melhorado, e é para continuar”. Já a “Bernarda”, que é a caloira do grupo, está com o entusiasmo típico das primeiras vezes: “É uma sensação espetacular viver o Carnaval com o grupo todo e aproveitar com eles. Sou de Ovar, mas eles ensinaram-me a gostar mais um bocadinho do Carnaval e assim o desfile tem mais piada”.

Com um orçamento na ordem dos 700 mil euros, o Entrudo de Ovar envolve cerca de 2.000 figurantes em representação de 14 grupos carnavalescos, seis de ‘passerelle’ e quatro escolas de samba.

Ao longo de um mês, o evento integra mais de 30 iniciativas, sendo que, até ao grande corso da próxima terça-feira, a programação inclui ainda o concerto de Bailarico Som Sistema e Ena Pá 2000, domingo à noite, e, na segunda-feira, a chamada “Noite Mágica” de entrada livre, com milhares de foliões em festa no centro pedonal da cidade.

 

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