Biblioteca Nacional assinala centenário de “referência incontornável” da gravura Ilda Reis

A Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa, vai assinalar os 100 anos do nascimento de Ilda Reis (1923-1998) com uma exposição de cerca de 30 gravuras da artista que classifica de “referência incontornável” da gravura em Portugal.

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A mostra é inaugurada na terça-feira e fica patente na sala de exposições da BNP até 07 de outubro, reunindo “um conjunto de obras que se relacionam com a literatura, a palavra e outras artes, e que toma de Fernando Pessoa o título ‘O que é vida e o que é morte’, poema que inspirou uma das suas gravuras (‘Enigma’, 1985)”.

“Com curadoria da Ana Matos, a exposição apresenta cerca de 30 trabalhos de gravura – em metal, madeira e técnicas mistas – produzidos de 1966 a 1994, com predomínio para obras das décadas de 1970 e 80. São também exibidos documentos e artefactos relacionados com a atividade artística de Ilda Reis como catálogos, fotografias da época, matrizes e utensílios de gravura”, pode ler-se no ‘site’ da BNP, instituição onde está depositada a obra da artista.

Nascida em 01 de janeiro de 1923, em Lisboa, Ilda Reis estudou na Escola de Artes Decorativas de António Arroio, na Sociedade Nacional de Belas Artes e na Gravura — Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, como indica uma biografia disponibilizada pela Galeria das Salgadeiras, que a representava.

Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian na década de 1970, “produziu uma obra gráfica de quase uma centena de gravuras e algumas serigrafias” e participou “em mais de 100 exposições individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro”.

Ao longo da carreira, conquistou vários prémios, como a medalha de ouro da Bienal Internacional de Gravura, em Florença, em 1972, ou o prémio Jugoslávia no Grande Prémio Europeu de Artes e Letras, em Nice, em 1988, entre outros.

Foi casada com o escritor José Saramago entre 1944 e 1970.

Sobre Ilda Reis escreveu o também artista e crítico Fernando Azevedo que era uma artista, como havia poucos, “em que a gravura tem acesso a toda a grandeza de alma”.

“O que há para fazer e mostrar de si mesmos passa-se unicamente naquele retalho de pedra, polidíssima, marfinada e, à sua maneira, macia; na chapa de metal que os buris retraçam e as línguas de fogo dos mordentes corroem até à perfuração; na peça de madeira, retalhada, veios à vista como nervos e sangue. Para tais artistas é nestes materiais de muita e antiga nobreza oficinal que se engendra e vasa a criação. Depois, o papel vai buscar neles o que dela fica; nessa verónica sem cruz, porém misteriosíssima e sagrada na sempre repetida e ao mesmo tempo desconhecida surpresa: a desejada aparição”, acrescentou, num texto partilhado pela Galeria das Salgadeiras.

TDI // SB

By Impala News / Lusa

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