Autoridades moçambicanas com “indicações claras” da fuga de terroristas de Niassa
As autoridades moçambicanas garantem haver “indicações claras” da fuga dos grupos armados que perpetraram os recentes ataques na Reserva Especial do Niassa, norte do país, apesar de reconhecer que permanece um “ambiente desafiante” naquela província.

“Continuamos ainda com um ambiente desafiante, mas temos indicações claras de que os insurgentes estão a deslocar-se para fora da reserva. Este cenário traz um sinal de esperança e abre espaço para pensarmos no futuro da área após este período de tensão”, disse o diretor-geral da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), Pejulo Calenga, citado hoje pela comunicação social.
Em causa estão ataques em abril na Reserva Especial do Niassa (REN) por supostos rebeldes, que causaram dois mortos e dois desaparecidos. Contudo, o Estado Islâmico reivindicou nos últimos dias, pelos seus canais de propaganda, três mortos num ataque naquela província.
Segundo o dirigente da ANAC, durante os ataques foram registadas mortes “tanto do lado do corpo de fiscalização como das Forças de Defesa e Segurança”, embora sem quantificar.
“Esta situação impactou negativamente a imagem da Reserva e interrompeu a atividade turística, que é vital para a sustentabilidade da conservação”, disse.
Calenga explicou ainda que a situação na reserva é monitorizada diariamente: “Para assegurar que, num futuro próximo, tenhamos a situação totalmente controlada”.
Por outro lado, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, admitiu na sexta-feira que os terroristas que atuavam naquela reserva foram combatidos pelas forças armadas e “desapareceram” da região.
“Os nossos irmãos [Forças de Defesa e Segurança] estão no terreno a rechaçar os terroristas naquela região, e neste momento que estamos a falar desapareceram da Reserva de Niassa, e as nossas forças continuam em perseguição”, declarou o estadista durante o encerramento de um curso de operações especiais, na província de Nampula.
O acampamento de caça desportiva de Mariri, área que cobre oito distritos e que abrange também a província de Cabo Delgado, foi invadida por homens armados na tarde de 29 de abril, segundo relatos locais. Tratou-se do segundo caso de alegadas movimentações terroristas na REN, tendo o primeiro sido registado em 24 de abril.
O secretário de Estado da Terra e Ambiente visitou na segunda-feira um fiscal da REN internado numa unidade sanitária em Maputo, após ter sido ferido a tiro no último ataque à Reserva Especial de Niassa, tendo pedido a todos os fiscais “prontidão e espírito combativo” na proteção da biodiversidade.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos em Cabo Delgado – província moçambicana que enfrenta esta insurgência desde 2017 – um aumento de 36% face ao ano anterior, indicam dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
LYCE // CAD
By Impala News / Lusa
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