Arranca processo de reconstrução 15.000 casas destruídas em Moçambique

As autoridades moçambicanas anunciaram hoje, na Beira, o início da reconstrução de 15.000 casas na região centro do país, destinadas às vítimas do ciclone Idai, ocorrido em março de 2019.

Arranca processo de reconstrução 15.000 casas destruídas em Moçambique

“É um projeto que já constava nos programas de reconstrução de novas habitações às vitimas dos ciclones em Sofala. Nós vamos construir as novas habitações às 15.000 famílias vulneráveis afetados pelos ciclones”, anunciou o diretor-executivo do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones, Luís Paulo Mandlate.

Trata-se, explicou, de um projeto financiado pelo Banco Mundial, num valor de 42 milhões de dólares, visando a construção de 15.000 habitações destruídas pelo Idai, cuja seleção de igual número de agregados familiares arrancou nos distritos do Dondo, Búzi e Nhamatanda e Beira.

Numa primeira fase arrancou o levantamento e apuramento das 15.000 famílias beneficiárias, obedecendo a critérios de vulnerabilidade climática, nomeadamente maior exposição às calamidades naturais, níveis de pobreza e de destruição das habitações e acesso às infraestruturas básicas, entre milhares de casas atingidas pelo ciclone Idai há mais de quatro anos.

A apresentação do projeto foi feita hoje na Beira, capital da província de Sofala, centro de Moçambique, e resultou de um inquérito, porta a porta, realizado por 555 inquiridores contratados e treinados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com duração de dois meses, no qual foi identificada existências de mais de 15.000 famílias que necessitam de assistência urgente na reabilitação das respetivas infraestruturas.

Mandlate explicou que para além da componente habitacional que será coberta pelo financiamento do Banco Mundial, aquele gabinete conta com mais 58 milhões de dólares para a restauração e/ou construção de 43 edifícios públicos arruinados na Beira, Dondo, Búzi, Dondo e Nhamatanda, quatro mercados destruídos no Búzi, Dondo e Nhamatanda e uma ponte cais, no Búzi.

Seguiu-se a fase de seleção de Organizações Não-Governamentais (ONG) que apoiarão o processo de reconstrução e de treino de artesãos que vão apoiar as famílias na reedificação das suas casas: “Estimamos que a seleção das famílias, ONG e de artesãos seja concluída em alguns meses, para em seguida se iniciar com as intervenções de reabilitação propriamente ditas. A mobilização de fundos junto aos parceiros vai continuar com vista a cobrir o défice”.

É que de acordo com Mondlate, as necessidades de reconstrução pós-ciclones em Moçambique situam-se na ordem de 3.200 milhões de dólares, para uma disponibilidade de apenas 1.600 milhões de dólares.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já no primeiro trimestre deste ano, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.

JYJE // ANP

By Impala News / Lusa

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