Amnistia pede libertação de “60 detidos arbitrariamente” há 10 anos nos Emirados Árabes Unidos

A Amnistia Internacional (AI) pediu hoje a libertação imediata de 60 presos “detidos arbitrariamente” e condenados há dez anos pelos Emirados Árabes Unidos (EAU), quando o país se prepara para acolher a cimeira internacional sobre o clima (COP28).

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Cairo, 02 jul 2023 (Lusa) —

“Apesar de estarmos a meio de um ano em que os Emirados Árabes Unidos estão no centro das atenções internacionais por acolherem a mais importante conferência anual sobre alterações climáticas, a COP28, o Governo não libertou nenhum dos 60 cidadãos nacionais que prendeu injustamente no famoso julgamento de 2013, apesar de 51 dos detidos terem cumprido as respetivas penas”, disse a diretora regional da AI para o Médio Oriente e Norte de África, Heba Morayef.

Em março de 2012, as autoridades dos Emirados lançaram uma vaga de detenções e processos que culminou no julgamento coletivo de 94 cidadãos do país, que terminou em 02 de julho de 2013.

Os réus foram acusados de ligações ao al-Islah, uma organização afiliada à Irmandade Muçulmana, que foi declarada como grupo terrorista em 2013 pelo Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, porque, nas palavras da acusação, “tentava mudar o sistema de Governo” do país, segundo a AI.

Segundo a organização de defesa e promoção dos direitos humanos, com sede em Londres, das 69 pessoas condenadas, 60 permanecem na prisão, incluindo 51 que já cumpriram as respetivas penas, continuando, porém, detidas sob o pretexto de terem de receber “aconselhamento contra o extremismo”. 

Pelo menos 52 organizações, incluindo a Amnistia Internacional, lançaram uma petição apelando aos EAU para libertarem imediatamente as pessoas em causa, bem como outros presos detidos arbitrariamente.

“Os governos que poderiam influenciar os Emirados Árabes Unidos têm-se mantido em silêncio sobre a necessidade de libertar imediatamente estes presos”, afirmou Morayef.

“[A COP28] não aprovará as ações ambiciosas de que necessitamos para evitar o colapso climático se for realizada num ambiente em que o Estado anfitrião tem leis que restringem a liberdade de expressão dos participantes e um historial de estrangulamento da sociedade civil”, acrescentou na diretora regional da AI.

A COP28, a 28.ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, decorrerá no Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023, com o objetivo de tomar medidas para fazer face à ameaça global colocada pelas alterações climáticas.

 

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By Impala News / Lusa

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