Agricultores algarvios apelam ao próximo Governo que tome medidas

Os agricultores algarvios que hoje realizaram uma marcha lenta na Estrada Nacional (EN) 125 apelaram ao próximo Governo para que tome medidas para aumentar o armazenamento de água na região, que sofre uma seca extrema.

Agricultores algarvios apelam ao próximo Governo que tome medidas

“Propomos que haja mais armazenamento de água, que haja naturalmente uma política estratégica a longo prazo, com novas barragens e com medidas de eficiência que têm que ser obviamente tomadas, mas iguais para todos os setores”, disse à agência Lusa Macário Correia, presidente da Associação de Regantes do Sotavento Algarvio.

A marcha lenta realizada entre Boliqueime e Almancil, no concelho de Loulé, no distrito de Faro, obrigou a uma velocidade mais reduzida do trânsito normal da muito concorrida EN125 e foi formada, segundo os organizadores, por cerca de 300 máquinas agrícolas e 600 pessoas.

Uma delegação da recém-formada Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola do Algarve (CSHA) deslocou-se ao final da manhã à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR) do Algarve, em Faro, para apresentar um caderno reivindicativo também dirigido ao próximo Governo.

“Queremos que o próximo Governo nos ouça e que tenha uma visão estratégica da política da água a nível nacional e no Algarve em particular, para que haja um tratamento justo e igual em relação a todos os setores”, afirmou Macário Correia.

Entre as reivindicações que a CSHA reclama estão também o pedido de aumento da capacidade de armazenamento de água, cortes equitativos na utilização de água e a reestruturação do Ministério da Agricultura, com a reinstalação das direções regionais de Agricultura e Pescas.

O jovem agricultor algarvio Duarte Miguel, a conduzir um trator a meio da longa fila de veículos que se formou na EN125, sublinhou que estava a protestar porque a Norte havia “barragens cheias a deixar a água correr para o mar” e por o Governo “não fazer nada para levar a água que há a mais” para o Sul do país.

“Temos falta de água e tenho de defender o meu trabalho. Sem água não vai haver trabalho na agricultura no Algarve”, disse, por seu lado, José Aberto, que trabalha num viveiro de plantas, sendo o setor das plantas ornamentais outra das atividades afetadas.

Os agricultores ataram à maquinaria agrícola bandeiras e cartazes em que se lia: “Água é vida, agricultura é alimento”, “Só percebemos o valor da água depois de a fonte secar” ou “As nossas árvores precisam de água para dar frutos”, entre outras palavras de ordem.

“O Governo que sair destas eleições tem de olhar para isto e tem que ser definida uma estratégia. As pessoas têm de saber com o que é que contam”, afirmou outro dos dirigentes agrícolas que encabeçava o protesto, José Oliveira, da Associação de Operadores de Citrinos do Algarve (AlgarOrange).

A CSHA, que afirma reunir mais de 1.000 entidades e agricultores algarvios, defende que, como a pluviosidade das últimas semanas ultrapassou as estimativas do executivo, todo o volume encaixado superior ao estimado deve ser “direcionado para aliviar os cortes impostos à agricultura”.

O Algarve está em situação de alerta devido à seca desde 05 de fevereiro, tendo o Governo aprovado um conjunto de medidas de restrição ao consumo, nomeadamente a redução de 15% no setor urbano, incluindo o turismo, e de 25% na agricultura.

A estas medidas somam-se outras como o combate às perdas nas redes de abastecimento, a utilização de água tratada na rega de espaços verdes, ruas e campos de golfe, ou a suspensão da atribuição de títulos de utilização de recursos hídricos.

O Governo já admitiu elevar o nível das restrições, declarando o estado de emergência ambiental ou de calamidade, caso as medidas agora implementadas sejam insuficientes para fazer face à escassez hídrica na região.

FPB // MAD

By Impala News / Lusa

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