Como as redes sociais fazem com que vivamos menos tempo?

As redes sociais tiram-nos anos de vida, conclui-se num estudo académico sobre como elas alteram a perceção do tempo no nosso cérebro.

Como as redes sociais fazem com que vivamos menos tempo?

O tempo é o ativo mais precioso. Ele não pode ser acumulado, multiplicado ou acelerado. As 24h por dia e os 7 dias por semana valem para todos, com a mesma quantidade de horas, minutos e segundos. No entanto, há um fator que pode alterar completamente a noção de tempo – a perceção temporal. Sabe-se agora que quanto mais estamos nas redes sociais menos anos de vida teremos.

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“Já parou para pensar por que, mesmo que a quantidade de tempo seja a mesma, um minuto parece demorar mais quando se espera numa fila tediosa do que quando se assiste um filme de ação? Isso tem que ver com a perceção temporal, a forma como o cérebro interpreta a passagem do tempo e pode fazer com que, para nós, pareça mais acelerado ou mais lento”, afirma Fabiano de Abreu Agrela, neurocientista.

Este fenómeno é analisado pelo novo estudo, realizado pelo Pós PhD em neurociências português Abreu Agrela, e publicado na revista científica Caderno Pedagógico.

“A perceção subjetiva da passagem do tempo está relacionada com o nível de atenção do indivíduo”, começa por explicar. “Doenças neurológicas como o Parkinson afetam a noção de tempo e regiões como cerebelo, gânglios da base e córtex pré-frontal são apontados como responsáveis por computar a perceção do tempo.”

“Atenção seletiva a algo prazeroso causa a sensação de que o tempo passou rapidamente, que se está no momento presente ou que tal atividade durou poucos minutos quando, na verdade, passaram-se horas. Isto remete para a teoria do Flow – quando se está focado no momento atual e não sobra espaço para nos dedicarmos aos processos mentais da passagem do tempo”, explica.

O que nos acontece quando estamos demasiado tempo nas reds sociais e o que fazer para lhes escaparmos?

Por outro lado, acrescenta, “atenção a situações tediosas causa o efeito inverso, conferindo a perceção de que a atividade é morosa e lenta. O tédio parece aumentar quando se tem consciência da passagem do próprio tempo”, afirma-se no estudo de Fabiano de Abreu Agrela. Então, como é que as redes sociais alteram a noção do tempo? E como é que elas nos tiram vida – literalmente.

“O uso excessivo de redes sociais pode, de facto, afetar os mecanismos biológicos de perceção temporal e fazer com que vivamos menos”, afirma o neurocientista. “Apesar de os avanços científicos e tecnológicos terem possibilitado mais anos de vida para a população em geral, a nossa perceção de tempo está cada vez mais curta, o que faz com que, afinal, estejamos a viver menos.”

“A utilização excessiva de redes sociais é o principal causador deste tipo de disfunção, já que “altera neurotransmissores, o que modifica a anatomia cerebral e transforma a perceção temporal e comportamental do indivíduo”, explica.

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Para escapar a esta ‘drenagem de tempo, Fabiano acentua a importância de “controlarmos a utilização de redes sociais e dirigirmos o nosso foco para atividades dinâmicas que exijam atenção, sem o uso de aparelhos eletrónicos”. Então, o que fazer, para escaparmos ao constante e vigoroso apelo das redes sociais? Simples – “Reserve períodos de contemplação da natureza e meditação, por exemplo, aconselha o neurocientista.

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