Ex-amante de Juan Carlos diz que os 65 milhões que recebeu foram «um presente de amor»

Corinna Larsen diz que dinheiro que o rei emérito de Espanha, Juan Carlos, transferiu para a sua conta em 2012 foi um presente de «gratidão e amor». E não para «lavagem».

Ex-amante de Juan Carlos diz que os 65 milhões que recebeu foram «um presente de amor»

Corinna Larsen, a ex-amante de Juan Carlos, garantiu à Justiça suíça que o dinheiro que recebeu do rei emérito de Espanha em 2012 foi «um presente».

A alemã afirmou que Juan Carlos lhe transferiu 64,8 milhões de euros para a sua conta «não para se livrar do dinheiro», mas «por gratidão e amor» e para «garantir o seu futuro» e o dos seus «filhos»,  segundo relata o El Pais, que teve acesso ao seu testemunho.

Perante o procurador Yves Bertossa – que acusa Corinna, o gestor de Juan Carlos, Arturo Fasana, e o advogado Dante Caõonica do crime de branqueamento agravado de capitais – a ex-amante do rei emérito disse, ainda, que Juan Carlos lhe deu o dinheiro, também, na esperança de a reconquistar. «Ele tinha ainda a esperança de reconquistar-me», disse. O crime de que é suspeita é punível com uma pena de prisão até cinco anos.

Bertossa focou o interrogatório no motivo pelo qual Corinna Larsen recebeu esse dinheiro. «Foi um presente», respondeu a alemã.

«Recebi um telefonema de Canónica [administrador da Fundação Lucum] informando que Juan Carlos queria dar-me um presente. Ele não falou comigo por telefone sobre uma quantia específica. Disse que queria conhecer-me e eu fui ao seu escritório. Ele explicou-me então que o rei queria oferecer-me um presente, para mim e para os meus filhos. Juan Carlos, queria garantir um bom futuro para os meus filhos e para mim», contou.

O procurador suíço lembrou que naquela época Corinna já tinha uma fortuna significativa. «É verdade. Eu acho que ele me ofereceu esse dinheiro por gratidão e amor. Ele sabia que eu tinha feito muito por ele e que tinha estado muito presente quando ele esteve doente. Também acho que ele se sentiu um pouco culpado pelo que havia acontecido comigo no Mónaco. Em 2012, fui sequestrada pelos serviços secretos espanhóis no meu apartamento», disse. Esta versão foi negada pelo ex-diretor dos serviços secretos, Félix Sanz Roldán. «Acho que há um último motivo: ele ainda esperava recuperar-me», acrescentou.

A ex-amante de Juan Carlos acrescentou que «em nenhum momento [o rei emérito] disse que queria livrar-se desse dinheiro», afirmou. «Não sei se ele declarou esses bens ao tesouro espanhol. Eu tinha ouvido vagamente que tinha havido uma amnistia fiscal na Espanha, mas como não moro naquele país, não conheço os detalhes.»
O depoimento de Corinna Larsen foi recolhido em dezembro de 2018, em Genebra, na companhia dos seus dois advogados suíços. O sistema de Justiça espanhol aguarda há vários meses por essas declarações, até agora inéditas. No entanto, a lei suíça permite que os alvos de investigação recusem o envio dos depoimentos para outros países e é isso que a ex-amante de Juan Carlos tem feito. O testemunho da alemã é fundamental para a investigação que o Ministério Público está a fazer ao rei emérito por suspeita de lavagem de dinheiro e fraude fiscal.

O romance entre Juan Carlos e Corinna Larsen terá começado em 2004 e durado cerca de dez anos.

Texto: Inês Neves; Fotos: D.R.

 

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