Os nossos Rolling Stones – A opinião de João Gonzalez

Aos 13 de Janeiro de 1979, nascia a melhor banda portuguesa de puro rock de sempre. Arrisco-me a dizer, a melhor banda de sempre: Os Xutos!

Os nossos Rolling Stones – A opinião de João Gonzalez
João Gonzalez Artigo de opinião de João Gonzalez

 

Se a páginas tantas, os barcos eram gregos ou a carga estava pronta para ser metida nos contentores, actualmente sejam quais forem os acordes e ritmos, serão, para sempre, os nossos Xutos. Esta data, a entrada nos entas, para um genuíno e religioso fã é, simultaneamente, de regozijo e de mágoa. Falta o Zé. O Zé Pedro faz muita falta. Não só aos Xutos, mas também à música portuguesa, à malta que está a iniciar a sua navegação pelas águas revoltas da música nacional, mas, mais do que tudo, à sociedade. A sua irreverência, o seu modo de estar, o seu sorriso, a sua solidariedade, faz muita falta a todos nós.

Contudo, os Xutos cá estão, e estarão por muitos e bons anos, para fazer continuar o seu lindo legado.

Aquando do desaparecimento do Zé, escrevi umas linhas sobre os Xutos que me parecem interessantes transcrevê-las parcialmente:

“(…) Vejo os Xutos na minha vida como aquela malta amiga que nunca falhava um concerto, que nunca diria não a duas horas e tal de espectáculo, fosse no Coliseu ou na terreola mais esquecida do nosso Portugal profundo, que tocaria sempre um alinhamento transversal à sua obra, o mais afinadamente possível e o mais profissionalmente exígivel.

Sim, os Xutos têm, e sempre terão, material discográfico onde se insere a profundidade das letras, passíveis de nos fazer rir, chorar, admirar e, principalmente, reflectir.

Ultimamente (…) alertaram-me, como se eu não soubesse, para a importância deste grupo de rapazes que influenciou múltiplas gerações, como a da minha irmã mais velha, nascida em 58, e contemporânea da génese dos Xutos, a minha, que vem logo a seguir, nascida a meados dos anos 70, a da minha sobrinha mais velha, nada e criada nos anos 80 e a do meu sobrinho, nascida nos anos 90…

Actualmente, em 2017, as minhas filhas, nascidas em 2010, quando ouvem os “nossos” Xutos, questionam onde os podem ouvir, pedem no carro se posso colocar o tal CD da “Casinha”… haverá melhor testemunho de transmissão que esta constatação?!

Uma coisa é certa, independentemente do que possa acontecer, e dado os registos existentes, as minhas filhas, nunca deixarão de consultar Mozart, Bizet, Verdi, ou Zeca Afonso, Doors, Hendrix e Nirvana.

Mas, certamente, os Xutos, serão um dos seus ícones, porque da mãe e do pai terão sempre a transmissão do seu “Remar, Remar”, o seu “Conta-me Histórias” e, sem dúvida alguma, a sua à “Minha Maneira”, o seu “1º de Agosto” quando vamos de férias… tal como sempre terão o seu “Amor para sempre”…(…)”

Ou como, certamente, diria o Zé: Who the fuck is Mick Jagger?

Obrigado Xutos! Obrigado Zé!

 

 

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