O Trump é uma mais-valia para a música
Vivemos numa época incrivelmente politizada. Para onde quer que nos viremos, a política está envolvida em quase todos os aspectos sociais desde o Brexit aos recentes incêndios em Portugal chegando ao presidente dos Estados Unidos da América Donald Trump.
Desde Nixon e McCarthy que os EUA não viviam momentos tão conflituosos com um presidente. Irreverente, desconexo da realidade, ignorante, impulsivo, incompreensível. Podia estar aqui a escrever adjectivos até terminar este texto. A verdade é que Donald Trump é hoje um dos nomes mais mencionados a nível mundial, e não pelas melhores razões.
Desde que assumiu o cargo que se formou uma oposição – arrisco-me a dizer a nível planetário – que procura caminhos que o destituam do cargo antes que o homem acabe por arruinar tudo o que foi construído até agora. De todas as formas de luta que têm sido usadas até agora, é a música que tem sido uma das armas mais eficazes contra Trump.
Graças ao empresário, a música de protesto está de volta, mais forte que nunca, tal como os U2 fizeram durante anos e que os elevou a estatuto de estrelas mundiais.
De Arcade Fire a Father John Misty, Run The Jewels, Pusha T a Gorillaz, são vários os artistas que têm escolhido dar uma voz aos receios de muitos. Esta nova era da música como sinal de resistência destaca-se de um passado recente virado para o entretenimento puro, generalista, desprovido de grande valor contextual.
Nos anos 60 a música folclórica e rock deram muito que falar tal como o punk nos anos 80 ou o rap e hip-hop da década de 90. Cada um dos estilos teve os seus líderes musicais que abordaram questões específicas de movimentos de justiça social.
A última vez que vimos uma posição tão politizada na música foi com os Green Day e o fenomenal “American Idiot”, editado durante a administração de George W. Bush, onde ouvimos críticas ferozes não só às políticas utilizadas como às pessoas que tinham o poder e as suas ideologias escondidas.
Voltámos a uma época em que a música descreve a história que vivemos e que com toda a certeza, irá marcar uma geração como fizeram os N.W.A ou Bob Dylan.
Seja social ou politicamente, não podemos negar que algo está muito errado.
As vozes que ouvimos hoje são o relato vivo de uma época atribulada em que parece que perdemos o controlo sobre as nossas vidas e que o tecido da sociedade se desfez em novas formas que ainda não compreendemos totalmente.
Por muito que nos custe, por vezes, temos de dar um passo atrás para dar dois em frente. Não quer dizer que tenhamos de gostar ou aceitar comodamente. Quer dizer que temos de aprender. Olhar bem para o que acontece e retirar daí algo que nos permita crescer. As músicas de hoje são o espelho desta experiência social que vivemos.
Por muito que nos custe, não nos podemos acomodar. Não podemos deixar de dizer o que nos vai na mente. Não podemos deixar de cantar quando algo não nos agrada.
Somos música de protesto e elas são a nossa alma.
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