O nosso tempo de vida nunca foi tanto, mas também nunca foi tão pouco
Um dos efeitos colaterais do estilo de vida cada vez mais acelerado é não conseguimos apreender o tempo corretamente.
A modernidade trouxe diversos avanços e facilidades que nos permitem viver de maneira mais prática e eficiente em comparação ao passado. No entanto, um dos efeitos colaterais desse estilo de vida acelerado é que não conseguimos perceber o tempo corretamente, fazendo com que, a despeito de cronologicamente estarmos a viver mais, termos menos tempo para viver.
No século 19, vivíamos, em média, 66,3 anos. Atualmente, a expectativa de vida é superior aos 70 anos, o que poderia significar mais tempo para viver novas experiências, alargar fases da vida e dar mais valor aos detalhes da nossa existência não surtiu o efeito desejado. Pelo contrário.
A tecnologia permite-nos realizar várias tarefas ao mesmo tempo. Mas também pode levar-nos a perder a noção de quanto tempo estamos a gastar em cada uma delas. As redes sociais e a internet são especialmente viciantes e podem levar-nos a passarmos horas sem perceber, levando-nos a uma overdose de informação que consome grande parte do nosso dia em atividades não produtivas, repetitivas e sem valor futuro.
Como funciona a perceção de Tempo
Muitos acreditam que o tempo segue uma divisão em três partes básicas: passado, presente e futuro. Mas enquanto a nossa própria perceção está milissegundos atrás dos fatos, o que afasta a ideia de presente, e o futuro é apenas uma projeção mutável que em nada afeta os fatos passados, o que afasta a ideia de futuro, o passado é a única parte deste esquema que realmente afeta as nossas vidas.
As nossas recordações são o nosso bem mais precioso. Saber lidar bem como o passado é fundamental para aproveitar os anos de vida que foram acrescentados na nossa existência – e reviver os atos do passado, procurar a felicidade através dos pequenos detalhes muitas vezes relegados no nosso corrido dia a dia, ter mais contacto com a Natureza, evitar o uso excessivo de tecnologia para que ela não corroa os nossos preciosos minutos de vida.
A vida não é uma corrida para tentarmos ir mais depressa do que os ciclos da Natureza ou os ponteiros do relógio. Até porque isso é impossível. Devemos acompanhar o passar do tempo como ele realmente passa. Por isso, de forma semântica, a melhor forma de usarmos bem o nosso tempo é localizarmo-nos com base nas nossas experiências passadas.
Fabiano de Abreu Rodrigues, filósofo e cientista
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