A neurociência pode ajudar no tratamento dos transtornos depressivos

Neurociência estuda o sistema nervoso, principalmente o cérebro. Entendê-lo e entender as suas limitações é a chave para tratar melhor transtornos depressivos e outros.

A neurociência pode ajudar no tratamento dos transtornos depressivos

A neurociência é a parte da ciência que estuda o sistema nervoso, principalmente o cérebro. Entender o sistema nervoso humano e as suas limitações é a chave crucial para tratar melhor transtornos depressivos e outros. O cérebro doente desenvolve um corpo doente e um corpo doente desenvolve um cérebro fraco, em todos os aspectos. Um bom funcionamento do sistema nervoso pauta-se numa boa ligação entre neurónios, dendritos, corpo celular, axónios e fenda sináptica. Quando a ligação do SNC falha, promovem-se alterações demonstradas por ausência, redução ou excesso de neurotransmissão ou tempestades elétricas. Estudos apontam que uma em cada cinco pessoas podem apresentar doença mental durante a vida e aproximadamente 4% da população sofre de transtorno mental crónico grave.

Atualmente, a depressão tem sido considerada o grande mal que afeta a sociedade civil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, no Mundo, cerca de 350 milhões de pessoas convivem com a depressão, classificando o quadro, inclusive, entre as doenças degenerativas que desenvolvem mortes prematuras. A depressão não é um problema nos neurotransmissores, mas, antes, um problema anatómico do cérebro que prejudica o funcionamento dos neurotransmissores. O cérebro é plástico. Logo, traumas ou impactos constantes no humor podem moldá-lo de forma prejudicial.

A depressão é caracterizada por uma aflição orgânica, psicológica, ambiental e espiritual. É uma espécie de angústia que impacta diretamente no humor e é seguida de perda de interesse, de prazer e de alegria de viver. Com a angústia e a aflição, desenvolvemos dores físicas e psicológicas, gerando um ciclo de sofrimento tão intenso que parece não ter fim. Além disso, os pacientes têm de enfrentar preconceitos que podem agravar o quadro, sendo, muitas vezes, visto como preguiçoso ou acomodado pelas pessoas mais próximas.

Ou seja, em vez de recebermos socorro, recebemos mais uma dificuldade no caminho. É importante sublinhar que, sem o devido tratamento e atenção médica de qualidade, os pacientes apresentam recaídas e ciclos de euforia e regresso ao quadro depressivo, muitas das vezes pior do que o anterior. Por isso, compreender os aspectos neurobiológicos dos transtornos mentais é importante para a aproximação da neurociência e da psiquiatria. Ainda é necessário avançar em tratamentos melhores, mais rápidos e mais eficientes.

Estudos de terapia como a EDMR, que estimula o cérebro a processar memórias perturbadoras, estão a ganhar espaço no tratamento para alívio dos sintomas. Vários aspectos estão a ser compreendidos pelos clínicos e pelos cientistas, permitindo melhor compreensão do estado crítico nos transtornos de humor e a abrir caminhos para novas  e mais eficazes técnicas de diagnóstico, tratamento, prevenção de suicídio e eventuais sequelas cognitivas.

Fabiano Lima

Fabiano de Abreu Rodrigues, filósofo e cientista

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