Festivais, e festivaleiros, de Verão – A opinião de João Gonzalez
Com a chegada da época estival, principalmente no mês de Agosto, arriva também ao nosso dia-a-dia a mania dos festivais e de eventos dedicados à música, seja ela pop, rock, electrónica ou de outro estilo mais em voga.
Artigo de opinião de João Gonzalez
Com a chegada da época estival, principalmente no mês de Agosto, arriva também ao nosso dia-a-dia a mania dos festivais e de eventos dedicados à música, seja ela pop, rock, electrónica ou de outro estilo mais em voga. Também são comuns as festas populares gastronómicas, arruadas de ingleses embriagados em Albufeira e pragas de tuk-tuk a proliferar um pouco por todo o país. Mas também nos “chegam” os já emblemáticos sunset nas mais conhecidas praias do Algarve, as noites sem fim em discotecas improvisadas nos luminosos areais, as madrugadas de boa facturação das brigadas de trânsito junto aos espaços nocturnos, os mini-festivais dos emigrantes nas praias com as suas simpáticas geleiras e os tachos de feijoada e garrafões de vinho, tinto ou branco. Tudo isto e muito mais é português, muito português, e embora não frequente muitos dos citados espaços nem pactue com certos comportamentos, exceptuando a parte da geleira na praia, aliás, a importância da geleira na vida de um tuga merecia por si só uma crónica, para não dizer um ensaio filosófico, de cariz aprofundado e de divulgação massiva um pouco por toda a diáspora portuguesa. Tudo isto para acentuar que sinto uma espécie de orgulho ao constatar que todos estes aspectos são muito nossos, algo como o Camões ser zarolho ou Quarteira ser invariavelmente chamada de “a Quarteira”…
Porém, esta época de pretenso relaxamento e ócio acarreta consigo outras cenas tristes, como as badalhocas e os badalhocos do Verão, e respectivas badalhoquices nas revistas, nas tv’s ou numa praia perto de si. Sendo adepto de analogias baratas e até, por vezes, brejeiras, mas com classe, pode parecer um contra-senso, mas não é, há brejeirices que requerem muita criatividade, não consigo deixar de assinalar termos comparativos entre alguma ignobilidade veraneante, com o excesso de gin pelo meio, e a anormalidade de políticos que transportam tragédias extra-fronteiriças para dentro de portas para tentar fazer política reles, demagoga e absurda ou como as notícias de início de pré-época nos clubes de futebol.
Epá, é assim, eu respeito muito a minha classe, a jornalística, compreendo que não seja fácil escrever e “arranjar” notícias sobre futebol nesta fase do ano, mas os responsáveis editoriais dos 3 (!) jornais diários desportivos acreditam mesmo que a malta engole todas aquelas notícias sobre as possíveis contratações dos clubes? Ou que alguém lê aqueles suplementos centrais de 6 páginas sobre como o Carcavelinhos deu origem ao Atlético e ganhou 5 vezes a Taça de Honra de Lisboa de 2ª categoria em mil novecentos e trocó passo, acham mesmo? A malta quando está de férias quer é saber onde é que as mulheres dos jogadores fazem topless ou em que discoteca os jogadores se embebedaram e andaram à porrada, quem quer saber de contratações que nunca vão acontecer?!
Compreendo perfeitamente que o duplo binómio amor-ódio e paixão-desporto conduza alguns jornalistas a enveredarem por esse caminho, mas deixem-se disso pá, o pessoal está de férias, não quer saber de assuntos sérios, isso é para quando estamos “ocupados” a trabalhar.
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