Igualdade de Sexos
A propósito do dia da Mulher, impõe-se dissertar sobre o tema… contudo de uma perspectiva da mulher em causa própria e não tanto da Advogada.
A conquista das mulheres por um lugar ao “sol” tem sido e continuará a ser, creio que por tempos imemoriais, uma luta constante.
Começaram por ir para a guerra, como enfermeiras…
Conquistaram o seu lugar nas faculdades ao ingressaram no ensino académico…
Conquistaram o direito ao voto e à participação política…
Há quem diga inclusive que houve uma Papisa, a Joana…
Tornaram-se médicas, advogadas, engenheiras, alcançando posições de topo em empresas tipificadas por masculinas.
Até astronautas se tornaram, mas, no fim do dia minhas caras, somos todos empregadas domésticas.
Tudo começa no dia que o cromossoma do nosso pai juntou-se ao da mãe determinando o mais misterioso dos sexos, dizem eles!
Sim, porque somos nós, mulheres, que geramos e parimos. E porquê?
Por um único e simples motivo, eles não conseguiriam lidar com as dores, aumento de peso, amamentar, ficar com a barriga e ou o mais que tudo cortado e cravejado de pequenos agrafos que lembrarão para sempre a nossa continuidade.
E a partir deste momento, começa a nossa vida de empregada doméstica, explicadora, cabeleireira, cozinheira, engomadeira, governanta, gestora de conflitos infantis e familiares e até UBER infantil…
Ah… e acompanhante de vacinas, consultas médicas, intervenções cirúrgicas…
E no meio desta agenda apertada, quando o nosso mais que tudo chega, impõe-se um cabelo qual Kim Kardashian e uma lingerie Victoria Secret a fim de não sermos trocadas pela vizinha do lado.
Para além disto, acresce que todas nós também trabalhamos e – surpresa! – também precisamos de tempos para nós, nem que seja ir a uma consulta médica marcada há quatro meses e que por motivos de saúde não mais pode ser adiada.
Nasci filha única, com empregada desde que me lembro, no entanto, e até por razões de disciplina sempre tive tarefas em casa.
Licenciei-me para orgulho e satisfação dos meus pais, e eis que quase 20 anos depois profissionalizei-me em serviços domésticos.
Organizo agendas semanais de testes e trabalhos de grupo, faço planos de estratégia de estudo, implemento regras de organização da lavandaria, engomadoria, e por último sou responsável pela restauração.
Nos “tempos livres” exerço Advocacia, faço julgamentos, atendimentos, escrituras, divórcios, interrogatórios, e um sem fim de outras tarefas…
De madrugada caminho para o espírito e para a alma, e faço-o a essa hora, porque não restam mais horas no meu dia.
Por tudo isto não posso estar mais em desacordo com a comemoração do dia da mulher…
Comemorar o quê?
Comemorar aquilo que deve ser inato por sermos humanos?
As mulheres não são iguais aos homens, são diferentes, e essa diferença existe, é real.
Somos mais combativas, mais fortes, mais exigentes, e por isso mais dedicadas e organizadas, a consequência é sermos capazes de fazer um sem fim de tarefas e ainda sobrar tempo para aquele aconchego ao fim do dia a quem nos preenche a alma.
As mulheres, tal como os homens, devem ser valorizadas no seu todo pelo que fazem e são e não de acordo com o sexo.
Até porque convenhamos as mulheres fazem mais que a generalidade dos homens.
Aliás, basta pensar na quantidade de mulheres primeiras ministras, secretarias de estado, ministras, que na actualidade dominam a política.
Sentir-se-ão os seus eleitores menos HOMENS?
Não creio!
O DIA DA MULHER é todos os dias ou como diria a minha filha mais velha é “tipo” o Natal, é quando o homem quer e a mulher deixa… ou não!
Não somos iguais nem nunca seremos, o Homem e Mulher são efectivamente diferentes merecendo na sua diferença, tratamento igual.
O bom senso, a educação, o civismo e o respeito pelo próximo, o DIREITO não pode endireitar.
Caber-nos-á a nós, mães dos millennials, transmitirmos e educarmos os nossos filhos para que na sociedade futura Homens e Mulheres caminhem lado a lado, com o computador num braço e a vassoura no outro.
E é isto porque me bato todos os dias, pessoal e profissionalmente.
Mas, venha lá a flor da praxe do dia 8/03!
Mafalda Ribeiro | Advogada
Silva Ribeiro Advogados
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