Ansiedade é algo maravilhoso, principalmente se souber usá-la

O aumento da preocupação com a saúde mental levou muitas pessoas a familiarizaram-se com crises de ansiedade. O transtorno afeta cerca de 19 milhões de brasileiros, país mais ansioso do mundo.

Ansiedade é algo maravilhoso, principalmente se souber usá-la

Com o aumento da preocupação com a saúde mental, muitas pessoas familiarizaram-se com os sintomas e as características de uma crise de ansiedade. O transtorno afeta cerca de 19 milhões de brasileiros, o país com a sociedade mais ansiosa do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas podem ser percebidos com sudorese, falta de ar, hiperventilação, sensação de boca seca, formigueiro e náuseas, por exemplo. Por isso, é quase sempre descrita de modo negativo. Porém, há um outro lado, pois a ansiedade só é má quando não controlada. A ansiedade pode, mesmo, ser algo maravilhoso se bem utilizada.

Na ansiedade, substâncias produzidas no hipotálamo, responsável pela homeostase, começam a ser disparadas numa parte do hipocampo, região próxima, localizada no sistema límbico no cérebro. O hipocampo é a região da conversão de memórias do que aprendemos e do que se consolida. O sistema límbico tem função emocional, assim como o processo de atenção e de memória e a sua eficácia depende da emoção. O lobo frontal tem o papel de orquestrar e a sua consolidação dá-se no córtex. Logo, pode ser bem utilizada na dinâmica deste processo para melhores decisões. Ou seja, ansiedade acima do limite prejudica o processo de memorização, mas há um ponto linear onde ela ajuda no processo de memorização.

É como se fosse uma potência com limite e, quando este é ultrapassado, pode causar certa confusão. Não podemos esquecer-nos de que a ansiedade é como uma pendência. Se não existisse, não nos moveríamos para conquistar as metas. Sem contar que a sua natureza é instintiva, para nossa sobrevivência. Logo, nunca podemos vê-la como inimiga. O nosso inimigo somos nós próprios e a falta de capacidade de nos controlarmos.

Existem formas de aprendermos a lidar com situações de picos de ansiedade. Primeiro, deve identificar-se o problema, para nomear e racionalizar a sensação. Depois, pode procurar-se formas de enfrentar o motivo causador da ansiedade, como forma de autoconhecimento. Também devemos procurar formas de espairecer, mudar o foco e permitir que a mente se liberte da sensação extrema. Por fim, ao superar a crise, é necessário compreender os motivos que levaram à ocorrência e repensar a situação, para que, no futuro tenha melhor controlo sobre ela.

Respire fundo, prenda-se a bons pensamentos, distorça o pensamento do que lhe provoca ansiedade e, mediante o relaxamento momentâneo, ainda ansioso, use o controlo através da inteligência emocional, para que a ansiedade sirva de potência sináptica para concluir melhor as suas tarefas. A ansiedade existe de forma ambígua – o nosso papel é aprender a tirar o melhor dos dois mundos.

Fabiano Lima

Fabiano de Abreu Rodrigues, filósofo e cientista

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