Maradona tinha comportamento autodestrutivo e não deveria ter recuperado em casa

O diretor clínico do estabelecimento no qual o antigo futebolista Maradona esteve internado antes de morrer disse hoje em tribunal que o astro argentino tinha comportamento autodestrutivo, ciclos de sono-vigília alterados e não estava a cumprir com a medicação.

Maradona tinha comportamento autodestrutivo e não deveria ter recuperado em casa

No julgamento no qual sete profissionais de saúde são acusados de homicídio simples com dolo na morte de Maradona, crimes com pena entre os oito até 25 anos de prisão, a testemunha Pablo Dimitroff explicou que, por esses motivos, desaconselhou o tratamento em casa.

“O seu comportamento era autodestrutivo. Ele não se alimentava corretamente, tomava coisas que não lhe faziam bem, não saía da cama, ficava acordado à noite e dormia durante o dia e não tomava a sua medicação”, justificou, durante o depoimento.

O médico é diretor da Clínica Olivos, instituição onde Maradona foi operado a um hematoma subdural na cabeça e onde permaneceu internado até 11 de novembro de 2020, quando foi transferido para uma residência particular no bairro de Tigre, nos arredores de Buenos Aires, onde morreu duas semanas depois, em 25 de novembro.

“Sentimos que a casa não era o lugar apropriado para continuar o tratamento que tinha iniciado na Clínica Olivos com a drenagem do hematoma”, acrescentou, referindo-se à polémica decisão de Maradona em continuar o tratamento em casa, após deixar a clínica.

Para o médico, “a única solução adequada para garantir que o paciente pudesse ter uma boa recuperação” seria a sua transferência para outra instituição médica que cuidasse da sua reabilitação motora, problemas de dependência e sintomas de abstinência.

Dimitroff assumiu a responsabilidade de informar os médicos de Maradona, Leopoldo Luque e Agustina Cosachov, dois dos acusados neste caso, que o antigo futebolista “era um paciente complicado”, pelo que entendia que a melhor solução não era fazê-lo regressar a casa.

A testemunha revelou que a sua inquietude foi “aceite e encarada pela família e corpo médico como uma preocupação”, contando que estes admitiram que era complicado “gerir a situação em casa”.

O julgamento começou em 11 de março e deverá durar até julho, tendo duas audiências agendadas por semana e quase 120 testemunhas esperadas, sendo que os réus negam responsabilidades pela morte do campeão mundial de seleções pela Argentina em 1986.

Antigo avançado de Boca Juniors, FC Barcelona ou Nápoles, entre outros clubes, Diego Maradona morreu aos 60 anos, vítima de uma crise cardiorrespiratória, numa cama médica numa residência privada em Tigre, a norte de Buenos Aires, onde recuperava de uma neurocirurgia a um hematoma na cabeça.

RBA // AO

By Impala News / Lusa

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