Líder da oposição moçambicana diz que irregularidades no recenseamento eleitoral ameaçam paz

O presidente do principal partido da oposição de Moçambique, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, disse hoje que as irregularidades no último recenseamento eleitoral ameaçam o processo de paz no país.

Líder da oposição moçambicana diz que irregularidades no recenseamento eleitoral ameaçam paz

“Ao manter o resultado deste recenseamento, vamos estar a adiar a paz que temos vindo a conquistar duramente”, referiu.

Momade falava hoje na cerimónia de encerramento da última base do braço armado da Renamo, na serra da Gorongosa, centro do país.

A base fecha 30 anos e oito meses depois do fim da guerra civil moçambicana.

A cerimónia representa o final do processo de desmobilização e desarmamento de 5.221 guerrilheiros que permaneciam nas bases em zonas remotas e que começaram a entregar as armas em 2019.

Ossufo Momade fez um apelo às autoridades para resolverem os erros do recenseamento que decorreu entre abril e junho e disse também esperar uma “atitude mais proativa” da comunidade internacional na salvaguarda da democracia em Moçambique.

Os conflitos que levaram à existência de bases como a que hoje se encerra nasceram “de sucessivas fraudes eleitorais”, disse Momade, sublinhando que tal se repetiu nas eleições de 2019: hoje classificou-as de “mega-fraude”, com “manipulação do recenseamento eleitoral, enchimento de urnas, detenção de membros e candidatos da Renamo”.

“O recenseamento terminado no dia 03 de junho foi caraterizado por várias irregularidades” e as queixas foram feitas às entidades competentes, mas sem o tratamento devido, realçou, deixando a pergunta: será sinal de nova fraude eleitoral ou de um conflito pós-eleitoral?

“Não há paz quando o ódio, perseguição, intolerância e exclusão continuam a ser raiz de discórdia no nosso país”, sublinhou.

“Num país que se pretende reconciliado, não pode nem deve haver cidadãos da primeira e segunda categoria”, numa alusão a simpatizantes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde a independência, e outros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

Não pode haver diferenças, disse, “porque todos são filhos da mesma pátria e o poder político deve ser alcançado através de eleições livres, justas e transparentes”, referiu Ossufo Momade.

O líder da Renamo queixou-se de a perseguição persistir contra combatentes desmobilizados no processo em curso e hoje celebrado, incluindo com alguns assassinatos por resolver.

O atraso na atribuição de pensões, por ter ficado dependente do encerramento da última base, degradou a vida dos primeiros desmobilizados desde 2019, queixou-se Ossufo Momade, referindo que foi preciso ir falando com todos para manter a serenidade.

“Queremos ver nos próximos dias a fixação, o pagamento das pensões aos nossos combatentes e apelamos para que não haja mais incumprimentos nos entendimentos que temos vindo a alcançar”, disse, realçando que o empenho pela paz efetiva não significa “apenas o calar das armas”.

LFO // VM

By Impala News / Lusa

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