Quatro bairros e a arquitetura social de Siza Vieira em exposição em Lisboa

Quatro bairros sociais na Europa que, nos últimos 40 anos, tiveram projetos arquitetónicos de Álvaro Siza Vieira, são os protagonistas de uma exposição que é inaugurada hoje, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Quatro bairros e a arquitetura social de Siza Vieira em exposição em Lisboa

Quatro bairros sociais na Europa que, nos últimos 40 anos, tiveram projetos arquitetónicos de Álvaro Siza Vieira, são os protagonistas de uma exposição que é inaugurada hoje, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

Até 11 de fevereiro, a Garagem Sul do CCB estará ocupada com a exposição “Neighbourhood – Where Álvaro Meets Aldo”, com vídeos, fotografias, desenhos, mapas e maquetas de quatro bairros sociais pensados por Álvaro Siza.

Esta exposição, que representou Portugal na Bienal de Arquitetura de Veneza 2016, mostra que Álvaro Siza é “um arquiteto que aprende a olhar para a cidade histórica e europeia e interpreta-a na sua obra”, afirmou hoje Nuno Grande, um dos comissários, numa visita guiada aos jornalistas.

No espaço amplo da Garagem Sul do CCB estão alinhados os materiais sobre os quatro bairros sociais em Veneza, Haia, Berlim e no Porto, que o arquiteto português visitou em 2016, contactando diretamente com os seus habitantes, quando se preparava a participação na Bienal de Veneza.

O que a exposição demonstra é a relação do arquiteto português com os habitantes de cada um dos bairros, multiétnicos e multiculturais, e com o pensamento do arquiteto contemporâneo, Aldo Rossi, sobre a presença da arquitetura nas cidades.

Dos quatro bairros sociais desenhados por Álvaro Siza, apenas o da ilha de Giudecca, “uma ilha operária de Veneza”, não estava concluído. Por causa da Bienal de Arquitetura de 2016, a obra de construção das habitações será terminada em 2018, disse Nuno Grande.

A propósito dessa ligação da arquitetura de Álvaro Siza à sociedade, em particular depois da Revolução de Abril de 1974, Roberto Cremascoli, outro dos curadores da exposição, deixa o elogio a esses primeiros tempos: “Era um arquiteto que conseguia ouvir, como um médico do campo, um assistente social, falar com as pessoas”.

Para Nuno Grande e Roberto Cremascoli, a exposição permite ainda pensar a função social da arquitetura, a relação que as pessoas têm com o espaço que habitam, a emigração e a gentrificação.

Depois de Lisboa, a exposição poderá ser apresentada, por exemplo, na América Latina, onde a figura do arquiteto português “é muito cativante para muitas culturas e onde os problemas sociais são muito gritantes”, nomeadamente no Chile, Brasil, Venezuela, disse Nuno Grande.

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