Entrevista | Débora Monteiro: «As pessoas acham que já devia estar com um ou dois bebés»

O site da Impala esteve a falar em exclusivo com Débora Monteiro, uma das personalidades femininas mais acarinhada pelo público português. A atriz contou-nos alguns dos desafios com que se tem deparado como mulher e figura pública portuguesa

Atriz, modelo, manequim e empresária. Aos 35 anos, Débora Monteiro é uma das celebridades mais versáteis e mais queridas dos portugueses. Recentemente, despediu-se da personagem da São, na novela da SIC «Paixão», mas ficar de braços cruzados não é algo a que Débora nos tenha habituado. Com apenas 14 anos começou a sua carreira na Moda. Das passerelles ao videoclip dos Fingertips, Débora chegou ao pequeno ecrã em 2006, através da personagem Helena, na produção nacional «Tempo de Viver», da TVI. Hoje, a artista já é uma presença estimada à hora de jantar, em casa de muitos portugueses.

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Contudo, o caminho nem sempre foi fácil para Débora. Por várias vezes, a atriz fala, com mais orgulho do que tristeza, dos tempos em que sem grandes condições não desistiu de forjar as suas próprias oportunidades, especialmente no campo profissional. Débora chegou a confessar que quando era mais nova passou graves dificuldades financeiras e que chegou a «passar fome».

No entanto, houve uma coisa que nunca faltou à artista: amor. Com uma relação muito forte e próxima com a mãe, Débora nunca escondeu os sacrifícios e o apoio que a progenitora lhe deu, ajudando-a sempre a ir à procura de concretizar os seus sonhos. «A minha mãe chegou a comprar roupas a prestação para eu ir bonita a castings», contou em lágrimas em entrevista no Alta Definição. Décadas mais tarde, ao que parece, Débora continua com sorte no amor. Numa relação de sete anos com Miguel Mouzinho, a atriz revela-se feliz e orgulhosa do relacionamento.

O site da Impala esteve com Débora no lançamento da nova colecção da C&A, para voltar a ver a atriz a desfilar e, claro, para pôr a conversa em dia.

 

Como foi voltar a desfilar e regressar ao mundo da Moda?

Foi muito giro. É sempre uma experiência nova e é sempre bom voltar à Moda. Mas como já estava há algum tempo sem desfilar, estava um bocadinho nervosa, tenho de admitir, especialmente quando vi a passarelle [que  implicava subir ao balcão de um bar]. A mim, por acaso, não me aconteceu nada, mas houve outras raparigas que escorregaram. Ao início sentia algumas vertigens, não estava a contar com uma passerelle assim, mas depois pensei: ‘isto é estreitinho, mas eu consigo’. E depois claro que o nervoso miudinho também acaba por ajudar: ‘ok, tenho de fazer, vou conseguir’. E acabou por ser um desafio giro e diverti-me.

E como surgiu esta hipótese de desfilar para a C&A?

Fiquei muito contente com o convite da C&A, porque é uma marca que representa vários tipos de corpos e não tem só um padrão de beleza. Contraria um bocado aquela noção de que a mulher bonita é forçosamente magra, o que penso ser muito importante com tantas miúdas que, hoje em dia, seguem Instagrams e outras pessoas nas redes sociais e acabam por tentar ser iguais a outras miúdas. É importante relembrar que todas temos corpos e estruturas diferentes. Portanto, fiquei muito feliz por me terem convidado, porque sou uma mulher com curvas, ‘grande’, uma mulher real que não deixa de ser bonita por ter curvas.

 

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Alguma vez sentiu pressão de corresponder a um cânone de beleza?

Senti um bocado essa pressão, sobretudo quando era mais nova e trabalhei como manequim. Claro que não tinha as medidas que tenho hoje, mas nunca fui tão magra como as outras manequins eram. Por isso, senti essa pressão, mas também fui percebendo ao longo do tempo que o meu corpo nunca ia ser igual ao de ninguém. Mas sim, houve sempre aquela pressão de que tinha de emagrecer de que tinha de fazer dieta, tenho de treinar muito mais. Houve realmente, muita dessa pressão. Hoje em dia, aceito-me.

«Já passei quase fome para ter um corpo mais esguio»

Porque até acho que acabei por trabalhar mais devido às minhas curvas e acabei por aceitar que sou uma mulher que tem peito e que tem rabo, tenho a anca vincada, e celulite como todas as mulheres. Só consegui perceber melhor isto e ser mais confiante com a idade. Já passei quase fome para ter um corpo mais esguio e já percebi que isso não me faz feliz. Por isso, hoje prefiro estar feliz com curvas e com um bocadinho de celulite. Os homens já nem olham para isso (risos).

Então, acha que essa confiança também vem com os anos?

Sim, definitivamente. Acho que mesmo o facto de me mover nos mundos da Moda e da Representação influenciaram muito. Às vezes, a pressão é tal para termos o que achamos que os outros querem, o que os outros acham bonito, que acabamos por nos esquecer de nós próprios e de gostar de nós. E isso é horrível, é o pior que nos pode acontecer: deixarmos de gostar de nós próprios.

Nó somos mulheres, as nossas hormonas são muito poderosas e temos de aceitar que passamos por várias fases, às vezes estamos mais sensíveis, comemos mais, ficamos mais gordinhas e eu acho que não devemos estar sempre a lutar contra o que estamos a passar, mas sim aceitar. Claro que acho que todas devemos treinar e escolher estilos de vida saudáveis, mas também acho que devemos abraçar quem somos a cada momento.

Débora Monteiro em desfile de Diogo Miranda na 32ª edição do Portugal Fashion
Pode-se dizer que se sente uma mulher mais livre hoje?

Exactamente. Hoje em dia sinto-me uma mulher mais livre, que se aceita como é, ao contrário de algumas alturas da minha vida. Acho que temos de incentivar isso, porque acho que as redes sociais são muito boas para umas coisas, mas também são más para outras. E muitas vezes queremos ser muito como aquela que está na fotografia e isso não pode ser.

Com a novela «Paixão» terminada, acha que voltar agora à Moda é um abrir portas para novos projectos?

Neste momento não estou com projectos em Moda ou em televisão. Agora estou a descansar e estou a focar-me nesta nova etapa que é ter um restaurante.

E como está tudo a correr com o restaurante?

Está a correr bem, mas é muita informação por que é uma área nova para mim. Dá trabalho, não vou dizer que não dá. Mas também tenho um grande apoio do Miguel que já tem experiência na restauração. O «Má Sá» não é o primeiro restaurante que ele tem.

Por que é que escolheram um restaurante asiático?

O Miguel viveu 16 anos em Macau. Eu sempre fui chamada de chinesinha desde que me conheço. E quando comecei a namorar com o Miguel [ Mouzinho], comecei a comer muito mais comida asiática, por que fazia parte também da educação e cultura do Miguel. Eu também acabei por ter de me adaptar, mesmo para cozinhar pratos que ele gostasse. E houve uma altura que lhe disse que gostava de experimentar outra coisa na vida e que não sabia o que fazer. Lembrou-se que tinha aquele espaço pequenino [no Bairro Alto, em Lisboa] e que se eu gostasse podíamos criar um restaurante. E eu aceitei, tendo também em conta que é a área dele, e que ia ser mais seguro para mim. E foi assim que decidimos fazer noodles e dim sum, os pratos que gostamos, juntos.

 

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Com a vida profissional a correr bem e uma relação amorosa de sete anos, geralmente começam a chegar as perguntas sobre casamento e filhos. Sente essa pressão?

Ui, muita pressão. Como é óbvio, também já penso em ser mãe. E acho que vai acontecer quando tiver de ser. Para mim, a pressão foi tal que houve uma altura que eu dei por mim a fazer contas: ‘acabo este projecto e depois…’, ‘E se eu for fazer outra coisa, dará para ser mãe?’, ‘Será um bom momento para engravidar?’, ‘E depois, quanto tempo demorará o corpo a voltar ao sitio?’. E foi aí que percebi que me estava a por muita pressão e decidi que quando tiver de ser será.

«Eu sei que estou com 35 anos e as pessoas achavam que já devia estar com um ou dois bebés»

Eu sei que estou com 35 anos e as pessoas achavam que já devia estar com um ou dois bebés. E eu já pensei nisso e já me imaginei assim, mas nem sempre conseguimos desenhar a nossa vida como esperávamos. ‘Ok, vou escrever a minha vida e vai ser assim’. Não, não acontece assim. Aliás, quando às vezes é tudo muito planeado corre ao contrário. Mas eu e o Miguel estamos muito felizes, apaixonados e orgulhosos de termos uma relação duradoura, que por fez é algo muito difícil, pelo menos no meu meio.

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Texto: Mafalda Tello Silva - Redação Win - Conteúdos Digitais

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