Saiba como poupar em tempos de crise

Numa altura em que todos os cêntimos contam, o jornalista da SIC Pedro Andersson apresenta várias dicas e direitos que cada um de nós tem, que podem ajudar a poupar.

Saiba como poupar em tempos de crise

O jornalista da SIC Pedro Andersson ajuda-nos a poupar, com o livro Contas-Poupança – Vença a Crise com Inteligência. Numa altura em que todos os cêntimos contam, conheça as várias dicas e direitos que cada um de nós tem e que nos podem ajudar a poupar.

Renegociar todas as despesas fixas ajuda a poupar

Hoje em dia, com a quantidade de operadoras móveis e com as empresas de eletricidade e de gás que temos à escolha, podemos poupar muitos euros, mudando de companhias, anualmente ou de dois em dois anos.

Eletricidade e gás

“De seis em seis meses, vou à internet e, com a ajuda de simuladores, ou vendo diretamente os preçários das empresas fornecedoras de eletricidade e de gás, vejo qual é a mais barata.

“Se fazem mais barato do que o que tenho, mudo”, diz Pedro Andersson, que refere que já esteve em várias empresas de eletricidade e que, quando estava prestes a mudar para uma onde lhe baixavam cinco euros mensalmente, a companhia na qual estava telefonou-lhe a propor-lhe um valor de dez euros de desconto durante seis meses, face ao que pagava anteriormente. Ou seja, em seis meses, com dois telefonemas, o jornalista poupou 60 euros em eletricidade e gás.

Televisão e telecomunicações

Apesar de estar ligado a uma operadora, no último mês de fidelização poderá telefonar a essa empresa para dizer-lhe que está insatisfeito com os serviços que tem e que pretende mudar para outra operadora que lhe oferece um valor mais atrativo ou melhores condições.

Por norma, a operadora irá renegociar consigo e fazer-lhe um desconto no valor da mensalidade e, em alguns casos, aumentar a qualidade de serviços, oferecendo mais canais ou mais Internet no router de casa ou do telemóvel.

O único senão é que terá de ficar fidelizado por dois anos. Pese, portanto, os prós e os contras, para ver se lhe compensa manter o que tem e, se quiser, poder mudar a qualquer hora ou se prefere pagar menos e ficar fidelizado 24 meses.

Seguro automóvel

Veja os valores de várias seguradoras de automóveis e respetivas coberturas e, caso a companhia onde está não lhe altere o valor da apólice, mude para outra. Por norma, consegue encontrar seguradoras que lhe oferecem menos 30 ou 40 euros anuais, pelas mesmas coberturas que tem atualmente.

Seguro de vida

“Renegociei em 2020 pela terceira vez, nestes 13 anos de crédito à habitação, o meu seguro de vida. Baixei o prémio mensal para valores de 2015 e aumentei a cobertura de ITP [Invalidez Total e Permanente].

“Ou seja, fico com a casa paga com uma incapacidade de 60% e não de 66,6%, como tinha no seguro anterior”, refere Pedro Andersson, admitindo que poupou no último ano 22 euros por mês, 264 no ano inteiro.

Crie imediatamente um fundo de emergência

“Ninguém consegue ter uma vida financeira saudável se não tiver pelo menos mil euros no Banco. É o mínimo dos mínimos. Seja quem for, mesmo na pior situação que possa imaginar. E esse dinheiro é intocável. É como se não existisse”, começa por contar Pedro Andersson.

O jornalista adverte que não é necessário conseguir esse valor em poucos meses, mas pelo menos em dois ou três anos será imprescindível alcançá-lo. E dá como exemplo a reforma de um idoso. Se este ganhar 350 e retirar todos os meses para uma poupança à parte dez euros, no final de um ano serão 120 euros que estarão de parte. Multiplicados por cinco anos, terá 600 euros.

Por isso, dependendo de ser solteiro ou casado, coloque de parte dez ou 20 euros nesse Fundo de Emergência. Caso tenha os tais mil euros de reserva, poderá usá-los, por exemplo, numa avaria no automóvel, num eletrodoméstico ou num acidente ou multa de trânsito.

Além desse valor mensal, Pedro Andersson deixa outro conselho. “Estabeleça retirar obrigatoriamente parte (à sua escolha) do subsídio de férias e de Natal durante o tempo que for necessário até atingir este objetivo.”

Será que tem a casa paga e não sabe?

“Há pessoas que têm um seguro de vida associado ao crédito à habitação com a cobertura ITP [Invalidez Total e Permanente]. No caso de ter uma incapacidade de saúde grave, se acionar o seguro, a seguradora paga ao banco o que ainda falta pagar. Ou seja, fica com a casa totalmente paga.

“É menos uma preocupação”, começa por frisar o jornalista, que dá pormenores dos procedimentos que tem de fazer. “Se tem uma incapacidade comprovada, ou conhece alguém que tenha, verifique se tem direito ao Atestado Multiuso e, se a incapacidade for superior a 66% (algumas seguradoras dão a partir de 60%), avalie se vale a pena pedir a reforma.

“Se a receber, pode acionar o seguro de vida que lhe pagará o valor em dívida nesse momento ao Banco, se tiver o seguro ITP (o IAD [Invalidez Absoluta e Definitiva] não paga nada). Atenção que alguns seguros não exigem que fique reformado. Tente sempre.”

Poupar no Bancos

Este ponto prende-se com as comissões bancárias cada vez mais altas que os bancos cobram mensalmente. Se tem várias contas e se numa – que pouco usa – lhe são debitados mensalmente entre três a cinco euros em comissões, o melhor que tem a fazer é fechá-la.

Para isso, tem de dirigir-se presencialmente ao Banco e devolver o cartão. Quanto ao Banco com que lida mais frequentemente, mude, se puder, para um que não cobre qualquer comissão de manutenção de conta e anuidade dos cartões. Apesar de serem poucos, ainda existem alguns. Pesquise na Internet.

Complemento solidário para idosos

Aumente a reforma e poupe na farmácia

“Em Portugal, muitos milhares de idosos recebem pensões a rondar os 300 euros ou menos. Nesses casos, o Estado [Segurança Social] pode pagar a diferença até que recebam no mínimo 375 euros por mês. Se esse complemento for aprovado, passam a ter direito a descontos de 50% nos medicamentos (na parte não comparticipada), 75% de desconto nos óculos e nas próteses dentárias (com limites máximos) e dentista de graça. Mas têm de pedir o apoio, não é automático”, afirma Pedro Andersson.

Além disso ficam automaticamente abrangidos pela tarifa social na eletricidade, gás e água. Muitos idosos desconhecem que se pode pedir este Complemento Solidário para Idosos (CSI) ou há quem já tenha pedido, há alguns anos, mas tenha visto o seu pedido recusado, devido aos rendimentos dos filhos (que são necessários apresentar).

No entanto, o autor explica que “a lei mudou e os cálculos dos rendimentos dos filhos foram alterados”. “Há, de certeza, idosos que no passado não tinham direito e agora, com as alterações na lei, já têm. Devem voltar a pedir.

“Não posso garantir que agora já o receba, mas sugiro que preencha e entregue de novo os formulários com o pedido.” Além dos idosos, o CSI abrange mais grupos de pessoas, como informa o jornalista. “Quem se reformou antecipadamente, desde 2014, e os pensionistas de invalidez que não sejam beneficiários da Prestação Social para a Inclusão.”

5 dicas para aprender a poupar

  1. 1. Após fazer um levantamento de todas as suas despesas mensais, fixas ou variáveis (num papel ou numa folha de Excel, no computador ou no telemóvel), anule de imediato todas as que puder e que não envolvam penalizações por fim antecipado de contrato.

2. Se tem um spread superior a 1,2, transfira o seu crédito à habitação para outro banco que tenha uma TAEG mais baixa. Fique a saber que muitos bancos suportam todas as despesas de portabilidade de financiamento imobiliário.

3. Se está em teletrabalho e manteve o mesmo ordenado, ponha de parte noutra conta secundária o valor que está a poupar em alimentação fora, combustível, portagens e parquímetros. Verá que fará toda a diferença ao fim de dois ou três meses…

4. Amortize o mais depressa possível qualquer dívida dos cartões de crédito, mesmo que tenha de pedir outro crédito com juros mais baixos para os liquidar. Tenha só em atenção os custos de formalização do novo crédito.

5. Peça uma moratória ao banco para os seus créditos. Diga que está a prever ter dificuldades em pagar as suas prestações e pergunte se pode ficar só a pagar juros sem amortizar capital durante “X” meses. Acaba por pagar um pouco mais por mês, mas pode ser a sua salvação financeira no momento.

«Este livro prepara para os tempos difíceis que aí vêm»

Contas-Poupança – Vença a Crise com Inteligência é o terceiro livro que Pedro Andersson escreve tendo esta temática. “Já tenho dois livros editados, em 2016 e em 2018. São, na minha opinião, a mais completa enciclopédia da Poupança para a realidade portuguesa.

“Sobretudo, este último, escrito como uma espécie de manual que pode ajudar qualquer pessoa – quer ganhe 500 euros, quer ganhe 5 mil euros – a pôr as suas contas em ordem imediatamente ou a preparar-se para dias ainda mais difíceis que aí vêm. Aborda todas as áreas financeiras de qualquer pessoa ou família.

“É só ler e fazer e começa logo a sentir que tem mais dinheiro na carteira ou no Banco ao fim de cada mês, apenas porque vai entregar menos dinheiro a outros, mantendo os mesmos serviços que tem hoje, ou até melhores.

“O segredo está, simplesmente, em comparar e decidir. E explico com todo o detalhe como deve fazer isso em cada uma das áreas”, afirma o jornalista da SIC. Questionado sobre qual das dicas de que fala na sua recente obra mais o impressionou quando a descobriu, o autor destaca não uma, mas várias.

“Sem dúvida, as dicas mais relevantes que encontrei foram a possibilidade de trocar o meu crédito à habitação para outro banco (um leitor poupou 130 mil euros com esta dica) e por negociar o seguro de vida associado ao crédito à habitação.

“Eu próprio vou poupar 35 mil euros ao longo dos próximos anos só por ter trocado de seguradora, além de ter ficado com melhores coberturas. Tem um capítulo inteiro sobre isso no livro só a explicar como fiz e os truques para que possa fazer o mesmo.

“Por outro lado, descobri – e essa descoberta impressionou-me muito – que a lei portuguesa está cheia de direitos para as pessoas que mais precisam e que quase ninguém sabe que eles existem, nem como podem beneficiar deles. Estamos a falar de apoios da Segurança Social, do Serviço Nacional de Saúde, das Finanças, etc.

“Milhares de portugueses, com as dicas do livro, começarão a receber milhares de euros todos os anos daqui para a frente, para o resto da sua vida, em alguns casos. E não sabiam que isso era possível.”

Texto: Levi Filipe Marques

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