Tragédia na Caparica: Piloto pode ser acusado de homicídio por negligência (em atualizaçã)

Uma avioneta aterrou de emergência ontem, quarta-feira, dia 2 de agosto, na praia de São João da Caparica, em Almada. O acidente causou a morte de dois banhistas que se encontravam à beira-mar: um homem, de 56 anos, e uma criança, de oito anos

O Instrutor e aluno que aterraram de emergência na Caparica, tirando a vida a dois banhistas, vão ser ouvidos hoje, dia 3 de agosto, pela procuradora Teresa Sanches do Ministério Público, no Palácio da Justiça de Almada.

Os dois homens chegaram esta manhã por volta da 8h15 ao Palácio da Justiça de Almada e recusaram prestar declarações aos jornalistas no local. A sessão está atrasada e ainda não teve início devido ao pedido de consulta, por parte da procuradora, das peritagens recolhidas no local do acidente pela Polícia Marítima e pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidente Ferroviários (GPIAAF).

Segundo alguns juristas, o piloto poderá ter incorrido em violação do dever de cuidado, podendo assim ser acusado de homicídio por negligência.

Segundo, o  comandante da Capitania de Lisboa, Paulo Isabel, algumas testemunhas que se encontravam no local do acidente já foram ouvidas.

O início do mês de agosto do presente ano ficará para sempre marcado pela trágica morte de duas pessoas que foram colhidas por uma avioneta obrigada a aterrar de emergência na praia de São João da Caparica. O acidente ocorreu por volta das 16h da tarde de quarta feira, dia 2 de agosto.

Foi o comandante da Capitania de Lisboa, Paulo Isabel, que confirmou que a aeronave tinha dois tripulantes, um instrutor e um aluno de aviação. Os dois ocupantes da aeronave saíram ilesos e foram interrogados pela Polícia Marítima Nacional, imediatamente após o acidente. Após serem ouvidos, os pilotos ficaram com termo de identidade e residência.

O instrutor, de 56 anos, e o aluno, de 30, vão ser hoje ouvidos em tribunal pelo Ministério Público e explicar o que os levou a aterrar de emergência no areal da praia, não optando por pousar o avião na água, como recomenda o protocolo para estas situações.

“Mayday, mayday. Falha no motor, vai aterrar na praia”

A avioneta acidentada é um CESSNA C152, de 1978, de dois lugares, com uma envergadura de 10 metros, autonomia de seis horas e capacidade para atingir uma velocidade máxima de 145 km/h. A aeronave é propriedade do Aeroclube de Torres Vedras, apesar de estar emprestada há vários anos à escola de aviação G-Air.

O porta-voz da Autoridade Marítima Nacional explicou que a aeronave “tinha um plano de voo aprovado para voar entre Cascais e Évora. E aterrou em situação de emergência”.

A comunicação de que havia um problema técnico com a avioneta foi reportada à torre de controlo do Aeródromo de Cascais e o piloto declarou a emergência indicando existir uma “falha no motor” e que ia “aterrar na praia”:

“Mayday, mayday. Falha no motor, vai aterrar na praia”, comunicou o instrutor à torre de controlo de aviação.

O acidente ocorreu num voo de treino de navegação da escola de aviação a que a avioneta está emprestada, e segundo a nota de imprensa da G-Air o instrutor que aterrou de emergência tem “milhares de horas de pilotagem” e conta já com uma vasta experiência na área da pilotagem.

Apesar da alegada falha no motor ter ocorrido no início do voo, o comandante do Aeroclube de Torres Vedras, João Carlos Francisco, garantiu que a avioneta tinha a “manutenção em dia”.

Banhistas atacam pilotos após momento de aterragem

A decisão do piloto em aterrar no areal resultou na morte de duas pessoas, gerando tumulto no areal. Geralmente, o protocolo indica que em caso de emergência a aeronave aterre em água. Apesar de poderem haver várias explicações para a decisão do instrutor, esta escolha foi questionada ainda no local do acidente por centenas de testemunhas.

Mal saíram da avioneta, os dois tripulantes foram insultados e chegaram mesmo a ter de ser protegidos por nadadores salvadores de banhistas que os tentavam agredir.

 

 

 

 

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