Relacionamento | Estratégias para se dar bem em aplicações de namoro

Em menos de 30 anos, cerca de 70% dos casais em todo o mundo ter-se-ão conhecido através de aplicações de encontros. Pelo menos, é nisto que acredita Aline Castelo Branco, sexóloga e autora do livro «Estratégias Para se Dar Bem em Qualquer App de Namoro», no qual revela quais as melhores decisões a adotar no mundo virtual dos relacionamentos.

Em menos de 30 anos, cerca de 70% dos casais em todo o mundo ter-se-ão conhecido através de aplicações de encontros. Pelo menos, é nisto que acredita Aline Castelo Branco, sexóloga e autora do livro Estratégias Para se Dar Bem em Qualquer App de Namoro, no qual ensina a ter sucesso no perfil e revela o que homens e mulheres mais valorizam. No fundo, diz ao leitor quais as melhores decisões a adotar no mundo virtual dos relacionamentos.

LEIA DEPOIS
A pessoa errada | Por que repetimos padrões nas relações?

Quando alguém decide instalar uma aplicação de encontros, seja o Tinder,  o Happn ou o OkCupid – as mais usuais –, os motivos são comuns à maioria dos utilizadores: conhecer pessoas (algo mais difícil quando já não se estuda ou se chega à meia-idade), curiosidade, carência afetiva ou apenas pelo sexo. Embora muitas pessoas não tenham preconceito em assumir que recorrem a estas aplicações, outras afastam-se delas com receio de serem reconhecidas pelo vizinho, pelo patrão, pelos familiares, pelo colega de trabalho ou pelos amigos, temendo o pré-julgamento social.

História na primeira pessoa

Segundo Aline Castelo Branco, «as ‘apps’ classificam os perfis em termos de popularidade e se a pontuação for muito baixa quase ninguém os encontra». Por isso, Estratégias Para se Dar Bem em Qualquer App de Namoro ajuda a colocar o perfil o mais próximo do ponto ideal em cinco capítulos, cada um dedicado a uma estratégia para cada fase do processo. Desde a elaboração do perfil à escolha das fotos, da definição do texto passando pela conversa após o ‘match’, o primeiro encontro e as ferramentas certas para criar empatia. «Olhe para as possibilidades com calma, sem ansiedade nem euforia. Há muita oferta… Qual delas queremos colocar na nossa panela?» – refere a brasileira Aline Castelo Branco, que conheceu o marido em 2014, através do Tinder, depois de um professor pedir ao seu grupo da universidade, em São Paulo, para analisar o comportamento de quem ‘navegava’ neste tipo de aplicações.

Quando estava a acabar o trabalhar, um rapaz meteu conversa com ela e trocaram o contacto para falarem através do WhatsApp. «No dia seguinte, o rapaz convidou-me para sair. Encontrámo-nos num restaurante bastante movimentado e foi uma conversa leve e interessante. Resumindo: uma semana depois voltámos a encontrar-nos e um mês depois já estávamos a viver juntos. Um ano depois, casámos, no ano seguinte mudámo-nos para Portugal e estamos na luta diária para a construção do nosso relacionamento há exatamente cinco anos.»

Dizem que a beleza não conta, mas nestas aplicações a imagem é que vale. É preciso ultrapassar este preconceito?

Infelizmente, quando falamos de imagem, o preconceito vai sempre existir, tal como acontece na vida real. No entanto, uma vez que a imagem é o primeiro ponto de contacto neste tipo de aplicações, a pessoa deve ter o cuidado de construir um perfil assertivo, que represente realmente quem ela é. É tudo uma questão de autoconfiança, ou seja, é necessário primeiro que a pessoa se aceite com todas as suas caraterísticas para saber lidar com a opinião do outro.

Estas aplicações são o resultado de uma população cada vez mais solitária?

Talvez, mas prefiro dizer que é o resultado de uma sociedade cada vez mais corrida, voltada para o trabalho e para a tecnologia. É também uma forma de se ultrapassar a timidez ou até uma certa preguiça de sair para socializar. Já a solidão é algo mais profundo, relacionado com uma questão psicológica. Pode-se estar rodeado de pessoas e, ainda sim, sentir-se sozinho, entende? Não podemos associar o uso de apps à solidão.

Que estratégias podem ser aplicadas para ter sucesso?

Na fase inicial, as pessoas apostam, sobretudo, nas fotos e numa descrição que lhes sejam  favoráveis. Depois do “match” há uma preocupação com o impressionar o outro através de uma conversa atrativa.

Mas é inevitável não termos receio de ser enganados…

Sim, isso acontece porque muitas pessoas usam fotos que não são suas. Mas existem indícios aos quais se deve estar atentos para tentar identificar essas situações. Por exemplo, se um homem tem uma foto do abdómen tonificado sem mostrar o rosto; ou uma mulher se apresenta perfeita em termos de cabelos e maquilhagem, há que ter cuidado, porque a perfeição neste tipo de apps é um risco. É fundamental que, na marcação de um encontro, a pessoa o faça num local onde se sinta segura, com outras pessoas à volta.

Mulheres enviam mais 144 mensagens do que os homens

O que deve aparecer no perfil?

Primeiro, uma foto principal num formato ‘close’, que mostre desde o peito à cabeça, com o rosto bem visível. De seguida, deve-se valorizar o texto de apresentação, o qual deve ser conciso e o mais direto possível, até porque o número de caracteres é limitado e há que aproveitar o melhor possível o espaço disponível. O texto deve agregar valor acrescentado porque é isso que os outros procuram, exemplo da formação ou dos interesses. Uma comunicação direta deve ainda conter o que chamamos de gatilhos mentais que, no fundo, são estratégias de linguagem para atrair a outra pessoa.

E como deve ser feito o primeiro contacto?

Uma vez que o primeiro contacto nas apps de namoro é realizado através de mensagem escrita, deve evitar-se determinados tipos de frases como: ‘Olá, vives em Cascais?’. É essencial ser mais direto e utilizar gatilhos de empatia e de ligação. Uma das estratégias pode ser recorrer a uma informação do perfil da outra pessoa, como: ‘Olá, adorei o facto de gostares de vinhos. Sabes que há uma adega fantástica em Lisboa que oferece experiências únicas?’. Quando se faz este tipo de abordagem, estabelece-se uma ligação e a conversa torna-se mais interessante.

Qual o comportamento dos portugueses? Quem toma a iniciativa: homens ou mulheres?

Ao contrário do que se pensa, as portuguesas são mais ativas nestas aplicações do que eles. Elas gastam em média cinco minutos a conversar, enviam 144% mais mensagens e têm 32% mais ‘crushs’ quando ambos os utilizadores mostram interesse um pelo outro.

Quais os principais erros que as pessoas cometem na abordagem?

O primeiro erro está na publicação de fotos inadequadas. Na minha pesquisa encontrei perfis com fotos de carros, de paisagens, com amigos durante as saídas à noite. Isto não cria ligação com os outros e provoca menos ‘matches’. Segundo: Uma conversa errada após o ‘match’ leva a que o outro se afaste e nem prossiga para a fase de encontro. No meu livro apresento algumas destas situações com exemplos de fotos e de conversas que devem ser evitadas.

O que eles e elas valorizam mais

A investigação conduzida pela sexóloga em apps de namoro permitiu concluir que as mulheres valorizam sobretudo caraterísticas como a altura, a idade, o nível de instrução e até o ser ou não fumador. Elas preferem fotos que mostrem o rosto com clareza e quanto mais imagens melhor. Os perfis masculinos mais populares têm em média 34 anos e compartilham hobbies e outros interesses.

Idade e nível de instrução estão também entre as principais caraterísticas de interesse dos homens, que valorizam ainda a partilha de ideias sobre o encontro ideal. Os perfis femininos com mais sucesso têm em média 29 anos e várias fotos com, pelo menos, metade do corpo e rosto bem visível.

Texto: Carla S. Rodrigues | WiN

LEIA MAIS
Previsão do tempo para sexta-feira, 15 de novembro
Sexo uma vez por semana: é pouco, razoável ou muito?

Impala Instagram


RELACIONADOS