O “sistema digestivo decompõe tudo o que comemos e bebemos para absorver nutrientes e produzir a energia de que o nosso corpo necessita”. “Todos os sólidos que não possam ser decompostos e usados pelo nosso organismo ​​são excretados como cocó, que tem muitas formas, tamanhos, cores e consistências”, explica o gastroenterologista e professor-assistnte Hannibal Person, da Escola Superior de Medicina da Universidade de Washington. “Médicos como eu, que tratam pessoas com problemas digestivos, usam a chamada escala de fezes de Bristol para classificar a textura do cocó, que vai do vai do Tipo 1 – pedaços duros separados – ao Tipo 7 – líquido e sem pedaços sólidos. A textura dos melhores “cocós, os do Tipo 4, lembra uma banana mole”. “Quando o nosso cocó é solto e aguado durante pelo menos três vezes num dia significa que temos diarreia. Pode ser desconfortável e inconveniente, porque tende a sair rapidamente e quase sem aviso.”

Cuidado com os germes maus

“Quando os alimentos deixam o estômago, são um líquido que viaja pelo intestino delgado, onde os nutrientes são absorvidos. As sobras fluem para o intestino grosso, onde a água é absorvida e o cocó se forma. Quando o intestino delgado ou o intestino grosso não puderem fazer o seu trabalho, o cocó ficará líquido. A diarreia geralmente ocorre devido a infeções provocadas por muitos vírus, bactérias e parasitas. É por isso que existem regras sobre como manter a água potável limpa e os alimentos seguros. É também por isso que devemos lavar as mãos antes de comer”, avisa o prfessor Hannibal.

Nem todos os germes “são maus”, mas “estes – os maus – causam diarreia de formas diferentes”. “Muitas vezes, irritam os intestinos, interferindo na absorção da água. Alguns causam diarreia soltando substâncias químicas que fazem o intestino libertar líquido, tornando o cocó ainda mais aguado. Quando estes germes vêm dos alimentos, os sintomas podem incluir vómitos, dores de barriga e diarreia.

Na verdade, o nosso sistema digestivo está “repleto de milhares de milhões de bactérias e outros germes” que nos ajudam a digerir os alimentos e nos “protegem de germes maus”. “Tomar antibióticos para uma infeção pode provocar diarreia, porque matas as bactérias boas juntamente com as que nos deixaram doentes. As pessoas acabam geralmente por melhorar quando terminam os antibióticos e as boas bactérias têm a oportunidade de se recuperarem”, sossega o investigador.

Quando temos diarreia, “devemos consumir muitos líquidos para nos mantermos hidratados”. A água “é o melhor líquido” e devemos evitar “sumos e refrigerantes, que podem piorar a diarreia”. Também temos de evitar “alimentos que obriguem o nosso sistema digestivo trabalhar mais”, como “os laticínios, por exemplo”. Comer “batata-doce, aveia, beterraba” e outros alimentos “ricos em fibras” pode ajudar a “firmar as fezes soltas” e nunca devemos “tomar medicamentos para diarreia, mesmo que não exijam receita médica, sem consultar primeiro um médico”, aconselha o gastroenterologista.

As muitas outras causas para termos diarreia

Existem “muitas outras causas” para a diarreia. Algumas pessoas “nascem ou desenvolvem” condições ao longo da vida que podem causar diarreia. Um dos exemplos mais comuns é a intolerância à lactose. A lactose é um açúcar presente no leite que requer “uma enzima especial, a lactase, para digeri-lo no intestino delgado”. Há pessoas que têm “poucas ou até ou nenhumas” destas enzimas no intestino delgado. Como resultado, a lactose “viaja para o intestino grosso sem ser decomposta e absorvida, deixando o cocó muito líquido”.

A doença celíaca “também pode desencadear diarreia”. Os celíacos “têm problemas para digerir o glúten“, proteína encontrada “no trigo e noutros grãos adicionais”. Para pessoas com doença celíaca, comer glúten “pode danificar o intestino delgado, ativando o próprio sistema imunológico”. Hannibal Person explica que “este dano é reversível através de uma dieta sem glúten”, mas a diarreia “pode continuar até que o intestino delgado se cure e possa fazer o seu trabalho”. Outras “têm alergias do sistema digestivo“. Precisam de “evitar alimentos específicos para prevenir diarreia e outros sintomas”.

Existem “outras condições” clínicas, “como doença inflamatória intestinal, doença de Crohn e colite ulcerativa“, nas quais o intestino delgado e o intestino grosso – “ou ambos” – ficam “inflamados durante um período de tempo”. Até mesmo o nosso cérebro pode desempenhar um papel, “como ansiedade ou entrar em stressado”, pode provocar diarreia. Algumas condições, “como a síndrome do intestino irritável, em que o cérebro e os intestinos não se comunicam bem”, podem causar “dores de barriga e diarreia”, “principalmente num surto de stresse”. Alguns cancros ou tumores “também podem desencadear diarreia”.

Finalmente, “para algumas pessoas”, “alimentos condimentados ou gordurosos” ou consumir “adoçantes artificiais ou grandes quantidades de cafeína” pode resultar em diarreia. “Mesmo que achemos nojento, Person recomenda-nos a “preste atenção ao nosso cocó”. Se estivermos “constantemente com diarreia, o melhor é consultar um médico”.

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