Paul Alexander: O último homem que vive com um pulmão de ferro

O pulmão de ferro foi criado para combater a poliomielite antes da criação da vacina e Paul Alexander é o último homem a viver com um.

Paul Alexander: O último homem que vive com um pulmão de ferro

Os Estados Unidos da América tiveram um ano devastador em 1952. Foi nesta altura que se verificou um disparar na quantidade de casos de poliomielite. Existem dados que dão conta de perto de 60 mil casos só nesse ano. Foi nessa altura que Paul Alexander, então com apenas seis anos, foi diagnosticado com a doença. Febres altas e dores no corpo foram os primeiros sintomas. Pouco tempo depois já não conseguia andar, engolir e respirar.

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A solução clínica passou por uma traqueostomia e a colocação de um pulmão de ferro, algo bastante popular na época. Trata-se de uma espécie de tanque selado que era utilizado para tratar doentes afetados pela doença e que revelavam grandes dificuldades para respirar de forma autónoma. O que estes aparelhos fazem é variar a pressão do ar de modo a comprimir e expandir o tórax. Existiam crianças para quem bastava passar algumas semanas dentro do aparelho para combater a doença. No caso de Paul Alexander, nunca existiu a possibilidade de se livrar da máquina de forma definitiva.

Paul Alexander foi diagnosticado com a doença quando tinha seis anos

Aliás, os médicos tinham mesmo a ideia de que Paul Alexander não iria sobreviver durante muito tempo. E foi esta ideia que levou a que o hospital permitisse que a criança, paralisada do pescoço para baixo e sem a possibilidade de respirar fora da máquina, fosse passar o Natal a casa. Acreditando que seria o último junto dos familiares. Só que os tempos foram passando e o jovem mantinha-se vivo. Surgiram ventiladores pulmonares mais modernos, mas Paul Alexander manteve-se sempre fiel ao amigo de ferro.

Formado em advocacia e autor de um livro

Com o passar dos anos, Paul Alexander aprendeu técnicas de respiração (conhecidas como respiração de sapo) que permitiram que passasse períodos maiores fora do aparelho. Passou a conseguir respirar e a engolir sem o auxílio do aparelho. Tudo isto permitiu que abandonasse o pulmão de ferro para fazer algo em que nunca tinha acreditado: formar-se em advocacia na faculdade. Apesar de inúmeras dificuldades associadas à condição física, Paul Alexander chegou mesmo a exercer a profissão quando tinha 30 anos.

O estado de saúde acabou por deteriorar-se e Paul Alexander ficou confinado ao amigo de metal. Várias foram as entrevistas em que teceu rasgados elogios ao pulmão de ferro, salientando o facto de ter permitido que fizesse coisas com que nunca tinha sonhado. Paul Alexander chegou mesmo a escrever a sua biografia com recurso a uma caneta, presa à boca com um objeto, com que ia teclando. A obra demorou cinco anos a ser concluída e Paul Alexander está neste momento a escrever outra obra. Aos 74 anos, Paul Alexander é o último homem a viver com um pulmão de ferro. Existe ainda uma mulher, Martha Lillard, que ao contrário de Paul, necessita do amigo de metal apenas para dormir. E que nunca quis trocar o aparelho por um mais moderno.

O que é a poliomielite?

A poliomielite é uma condição que, numa fase inicial, tem sintomas em tudo semelhantes aos de uma gripe vulgar. Só que a doença pode afetar a medula ou o cérebro, levando à paralisia ou mesmo morte. A vacina contra a poliomielite só foi criada em 1955 e os pulmões de ferro foram criados como uma solução. O engenheiro Philip Drinkler e o fisiologista Louis Shaw criaram o aparelho em 1928.

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Texto: Bruno Seruca; Fotos: DR

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