Padre condenado a quatro anos e meio por desviar esmolas

Pároco desviou dezenas de milhares de euros para comprar 19 carros e outros bens sociais. Tribunal teve em conta apoio a toxicodependentes e prostitutas na hora de proferir a sentença.

Padre condenado a quatro anos e meio por desviar esmolas

O padre António Teixeira foi condenado nesta quinta-feira, 6 de maio, pelo Tribunal de Lisboa a uma pena de prisão de quatro anos e meio, mas suspensa, por ter vendido peças de arte sacra a antiquários sem o conhecimento da diocese de Santo Condestável, em Lisboa. Para além disso foi considerado culpado por desvio de esmolas de fiéis para comprar 19 carros e custear outras despesas pessoais. Condenado por um crime de furto qualificado e outro de abuso de confiança agravado, o pároco terá de indemnizar a igreja e comerciantes de antiguidades no valor de 178.955 euros.

A maior indemnização, de 112.965 euros, será paga à Fábrica da Igreja Paroquial de Santo Condestável. Imagens de Santa Luzia, Nossa Senhora da Conceição e do Menino Jesus, castiçais, salvas de prata, um cálice cerimonial adornado com safiras, rubis e esmeraldas entre outras imagens do século XVII, estão entre as mais de 20 peças da Igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique, que António Teixeira vendeu a antiquários.

“Não há qualquer dúvida de que as peças não pertenciam ao padre, mas à paróquia”, declarou o juiz-presidente do tribunal, Paulo Registo, na leitura da sentença, no Campus de Justiça.

O arguido também fez chegar dezenas de milhares de euros às suas contas pessoais através de transferências bancárias com origem nas contas das fábricas das igrejas do Santo Condestável, em Lisboa, e Nossa Senhora dos Remédios, em Cascais, concluiu o tribunal, que “não encontrou justificação” para o padre manter 20 mil euros na sua conta, ou para efetuar transferências de “30, 15, 22 e 25 mil euros”. “Houve uma apropriação destes montantes”, concluiu.

Apoio a prostitutas reduziu pena

Acusado de quatro crimes, o arguido foi absolvido de um de abuso de confiança e outro de branqueamento de capitais. O coletivo de juízes entendeu que, na compra dos 19 automóveis, ao longo de seis anos, “não houve intenção de esconder o dinheiro“. Também não provou que o padre tenha angariado 149.850 euros de esmolas e donativos, na paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, e depositado tais quantias nas suas contas.

Na ponderação da pena, o Tribunal “teve em conta o percurso de vida e a conduta muito ativa e assertiva do arguido no sentido de resolver muitos problemas que afligem as paróquias, quer em atos de cariz mais social, como o apoio a toxicodependentes e a prostitutas“. “O tribunal ouviu diversas testemunhas que relataram a preocupação que o padre tinha com atividades ligadas à paróquia”, sustentou Paulo Registo. Tal como escreve o JN, o advogado de defesa, André Mendes, anunciou que vai recorrer da condenação do seu cliente.

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