Ousou renunciar à estrela Michelin devido ao «cansaço» e espera sair do Guia em 2020

O restaurante do chef Henrique Leis detém uma estrela Michelin há 19 anos

Ousou renunciar à estrela Michelin devido ao «cansaço» e espera sair do Guia em 2020

O ‘chef’ Henrique Leis, que em julho renunciou à estrela Michelin que o seu restaurante, em nome próprio, em Almancil, Algarve, detinha há 19 anos, afirma que o seu «compromisso com a Michelin acabou» e espera não ver renovada a distinção na edição de 2020. Justifica a decisão com «o cansaço» e com o desejo de «fazer outras coisas».

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«A Michelin pode ser dona da estrela, mas não é dona do meu restaurante. Eles deram-me a estrela como se fosse um empréstimo, enquanto eu merecesse», comentou o chefe de cozinha brasileiro, em entrevista à Lusa. «Eu acredito que eles não vão ter a coragem de me manter com a estrela, se eu pedi para sair. Quem é que lhes dá a garantia de que eu vou fazer o mesmo serviço? Eu disse que quero sair, eu saio. O meu compromisso com eles acabou», referiu.

Chef diz que desde que abdicou da estrela nada mudou

Henrique Leis garante, no entanto, que desde a decisão de abdicar da estrela nada mudou, e que é assim que pretende continuar. «Tudo igual. Vou usar os mesmos produtos, da melhor qualidade, a mesma equipa», disse, mencionando que também não notou alterações na clientela.

Edição de 2020 do Guia Michelin apresentada na próxima quarta-feira em Sevilha

Caso a edição de 2020 do Guia Michelin Espanha e Portugal, que será apresentada na próxima quarta-feira em Sevilha, mantenha a estrela ao restaurante «Henrique Leis», o ‘chef’ garante que a sua atitude será diferente. «Mesmo que venha a estrela 2020, eu não vou stressar mais, vou tentar fazer o meu trabalho o melhor possível, dedicar-me como sempre me dediquei, ter os mesmos produtos, os mesmos fornecedores», comentou.

Estrela Michelin é «uma prisão»

Sobre a sua decisão, Henrique Leis justificou com o cansaço, afirmando que a distinção é «uma prisão – uma prisão leve, mas uma prisão» – e que pretende agora «fazer outras coisas», nomeadamente ajudar as duas filhas em outro tipo de projetos, também na área da gastronomia. «Não quero entrar em litígio com a Michelin», garantiu, antes de referir: «Durante muitos anos, fui muito feliz porque sempre tive orgulho de ter estrela, trouxe-me muita alegria para a minha família e para mim».

A manutenção ou perda da estrela do «Henrique Leis» é uma das principais incógnitas, até porque a posição oficial da Michelin quando ‘chefs’ anunciam a intenção de «devolver» as estrelas é a de que a decisão é dos inspetores e não dos cozinheiros.

Portugal tem, na edição de 2019 do ‘guia vermelho’, seis restaurantes com duas estrelas Michelin (‘uma cozinha excecional, vale a pena o desvio’), e 20 com uma estrela. Continua a não ter nenhum estabelecimento com a classificação máxima (três estrelas, ‘uma cozinha única, justifica a viagem’).

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