João Cipriano: «A minha irmã disse-me que ia vender a Joana por 50 mil euros»

João Cipriano, tio de Joana, foi condenado pelo homicídio da menor em 2006. Agora, diz estar «inocente» e acusa a irmã de ter vendido a menina a um casal de estrangeiros.

15 anos depois de ser condenado pelo homicídio da sobrinha Joana, João Cipriano saiu em liberdade condicional do Estabelecimento Prisional da Carregueira, em Sintra, no dia 11 de março. Hoje, diz-se «inocente» e revela que Joana foi vendida a um casal estrangeiro.

À saída da prisão, João Cipriano afirmou, em declarações ao nosso site, estar «inocente». «Não cometi crime nenhum. Não a toquei nem com um dedo.», disse. Em declarações à SIC, no programa Linha Aberta, João Cipriano afirma que a irmã vendeu Joana a um casal de estrangeiros.

No dia do desaparecimento de Joana, 12 de setembro, João Cipriano ter-se-à dirigido a casa da irmã para ir a um café. Quando regressaram a casa, segundo o relato deste homem, esperava-os um «carro preto topo de gama, com vidros fumados, estacionado com um casal lá dentro». «A minha irmã já tinha combinado encontrar-se com um casal de estrangeiros para vender a filha», conta o tio da menina ao mesmo canal.

João Cipriano já tinha conhecimento do negócio: «A minha irmã disse-me que ia vender a Joana por 50 mil euros». Nesse momento, o companheiro de Leonor e os dois filhos mais novos do casal estavam dentro de casa. João Cipriano diz ter presenciado a entrega da menina ao casal que se encontrava dentro do referido carro. «Entrou [Leonor Cipriano] na viatura com a Joana, depois saiu sozinha e o carro arrancou com a minha sobrinha lá dentro», lembra. João Cipriano diz que a menina não pronunciou nenhuma palavra e que teve «pena de a ver a ir embora». «Eu cheguei a dizer à Leonor para não vender a menina.»

«Confessei à base de porrada»

Ao longo do processo, João Cipriano apresentou diferentes versões do crime, porque «era obrigado a confessar». Durante o julgamento, disse ter espancado a menor até à morte em conluio com a irmã, Leonor Cipriano – que saiu da cadeia de Odemira em fevereiro deste ano. O tio admitiu depois ter esquartejado Joana e escondido o seu corpo numa arca frigorífica. Os restos mortais terão sido dados de comer a porcos. «Eu não lhe fiz mal, só a matei», declarou, àquela data, o arguido em tribunal.

Agora, João Cipriano afirma que foi obrigado a «confessar um crime» que «nunca» cometeu. «Confessei à base de porrada. Tinha dois cinzeiros de vidro por baixo dos joelhos.» A relação que tinha com a sobrinha era boa». «Ia com ela aos cafés, dava-lhe tudo. Sempre tratei os filhos da minha irmã como se fossem meus», conta. Reiterando o amor que tinha pela sobrinha, diz que na prisão tinha uma foto de Joana na «mesa de cabeceira».

Apesar de João Cipriano ter revelado que agrediu a sobrinha porque Joana não trouxe o troco do dinheiro depois de ter ido fazer compras à mercearia a mando da família, a acusação formou a tese de que Joana tinha apanhado Leonor e o irmão a terem relações sexuais incestuosas. «Nunca tive qualquer relação amorosa com a minha irmã», diz. Sobre esta informação, João Cipriano salienta que só a irmã «pode falar sobre este assunto», uma vez que foi «ela que disse isso».

Desde que foi preso, o tio de Joana nunca mais teve contacto com Leonor Cipriano.  

Caso será reaberto com novas provas: «Quero que a verdade venha ao de cima»

Na presença do seu novo advogado, Manuel Mendes Ferreira, João Cipriano anuncia que irá voltar a tribunal para reabrir o processo e provar a sua inocência. Em causa estarão novas provas. «Vou com o meu advogado reabrir o processo. Quero que a verdade venha ao de cima.» Em declarações prestadas ao nosso site, o advogado, que representa o ex-recluso desde fevereiro deste ano, confirma que o caso será reaberto devido a novos factos que não pode divulgar para já.

«Daqui a uns meses vou provar que não matei a minha sobrinha», garante.

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