Por que foi impreciso o diagnóstico original do serial killer Jeffrey Dahmer?

A pressão popular perante o caso da condenação do serial killer e canibal Jeffrey Dahmer foi um fator crucial para que tenha sido condenado à prisão e não a um manicómio judicial.

Por que foi impreciso o diagnóstico original do serial killer Jeffrey Dahmer?

Jeffrey Dahmer tornou-se recentemente num dos serial killers mais conhecidos do mundo. O nome ficou marcado pela brutalidade com a qual cometia os homicídios, associando-os a práticas de abuso sexual, canibalismo, necrofilia e conservação dos corpos das vítimas.

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No entanto, “durante o processo de julgamento – que acabou por resultar na condenação de Dahmer a 15 penas de prisão perpétua, em 17 casos julgados – foi-lhe atribuído o diagnóstico médico de personalidade esquizotípica ou transtorno psicótico“, explica-nos o neurocientista Fabiano de Abreu Rodrigues. Esta conclusão, porém, “está incompleta perante as características realmente apresentadas”, contesta Fabiano.

O primeiro crime conhecido cometido por Jeffrey Dahmer foi o homicídio de Steven Hicks, um jovem de 19 anos, em 1978. De acordo com relatos, Dahmer conheceu Hicks numa praia, perto de casa, ofereceu-lhe boleia. Quando Hicks tentou sair, Dahmer matou-o. Este crime marcou o início da série de assassinatos de Dahmer, que continuou a cometer crimes violentos ao longo dos anos. Confessou ter cometido 17 homicídios e os seus crimes foram descobertos apenas em 1991, quando foi detido.

O primeiro crime de Jeffrey Dahmer é um exemplo trágico da evolução de comportamentos violentos e criminosos. Estes comportamentos não surgem do nada e podem ser indicativos de problemas psicológicos e emocionais subjacentes, que necessitam de atenção e tratamento.

Jeffrey Dahmer: Multifatoriedade À Luz da Neurociência

No novo estudo Jeffrey Dahmer: Multifatoriedade À Luz da Neurociência – liderado por Fabiano de Abreu Rodrigues e o médico psiquiatra Francis Moreira, com a colaboração de mais dez profissionais que incluíram neurologistas, psiquiatras, psicólogos e neurocientistas – foi realizada uma análise técnica do serial killer baseada na análise das perícias forenses originais do caso, documentários, entrevistas e estudos publicados, entre outros materiais, para chegar a um “acordo comum sobre o diagnóstico”.

Acabou por concluir-se que “existiram diversos fatores fundamentais para o estado mental de Dahmer”, como o “uso abusivo de substâncias psicoativas pela mãe ainda durante a gestação, comportamento sexual compulsivo, traumas de infância, traços de psicopatia e transtornos de personalidade”. Sendo assim, explicita o neurocientista líder deste mais recente estudo, “é necessário analisá-lo numa ótica multifatorial”.

Pressupostos para o diagnóstico original de Dahmer “estavam equivocados e incompletos”

Os pressupostos para o diagnóstico original de Dahmer “estavam equivocados e incompletos, englobando apenas alguns aspetos da gama de fatores que contribuíram para o comportamento dele”. Possuía “diversos transtornos” que, “somados ao abuso de álcool devido à não aceitação da sua homosexualidade, traumas de infância e disfunções familiares, fatores genéticos e culturais, “também exerceram um importante papel para culminar nos homicídios”.

“Percebe-se, no entanto, que foi o desejo popular por justiça perante as atrocidades cometidas que contribuiu para que Dahmer recebesse as condenações para prisão e não para internamento num manicómio judiciário, já que se basearam num “diagnóstico bastante raso à luz da profundidade da situação”.

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