Insetos polinizadores responsáveis por 500 mil mortes precoces anuais

Os insetos polinizadores podem passar despercebidos a muitas pessoas, mas são responsáveis por um grande número de mortes todos os anos. “Os problemas descritos ficarão muito piores à medida que o século XXI avança”, alertam os especialistas.

Insetos polinizadores responsáveis por 500 mil mortes precoces anuais

Os insetos polinizadores podem passar despercebidos a muitas pessoas, mas tudo mudará se falarmos da importância dos mesmos para o mundo. E pode mesmo dizer-se que estes animais são responsáveis por um número aproximado de 500 mil mortes precoces por ano. Este é o resultado de um estudo realizado pela Escola de Saúde Pública TH Chan da Universidade de Harvard, Estados Unidos da América, e com eco no jornal The Guardian. É salientado que as mortes estão relacionadas com a diminuição da oferta de alimentos saudáveis.

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É referido que três quartos das colheitas requerem polinização. Mas que as populações de muitos destes insetos estão com um grande declínio. Realçam os investigadores que a polinização inadequada já causou uma perda entre 3 a 5% na produção de frutas, vegetais e nozes. E o menor consumo dos referidos alimentos é sinónimo que perto de 1% de todas as mortes podem ser associadas à perda de polinizadores. Entre as mortes estão as provocadas por doenças cardíacas, derrames, diabetes e vários tipos de cancro. Que poderiam ser reduzidas com recurso a uma alimentação mais saudável.

Entre as mortes estão as provocadas por doenças cardíacas, derrames, diabetes e vários tipos de cancro

“Uma peça crítica que falta na discussão sobre a biodiversidade tem sido a falta de vínculos diretos com a saúde humana”, defende Samuel Myers, o principal autor do estudo. “Esta pesquisa estabelece que a perda de polinizadores já está a afetar a saúde em escala com outros fatores globais de risco à saúde”, prossegue. Salientando haver “uma solução nas práticas amigáveis aos polinizadores”. Que passam pelo aumento da abundância de flores em espaços agrícolas. Bem como diminuição do uso de pesticidas e preservação e restauração de habitats naturais próximos.

“O aspecto mais preocupante deste estudo é que, uma vez que as populações de insetos continuam a diminuir, esta perda de rendimento agrícola vai piorar no futuro”

O trabalho, publicado na Environmental Health Perspectives, teve por base a análise de dezenas de culturas dependentes de polinizadores com recurso a dados do estudo agrícola global. “Estimamos que o mundo está a perder atualmente 4,7% da produção total de frutas, 3,2% de vegetais e 4,7% de nozes”, alertam os investigadores. David Goulson, professor da Universidade de Sussex, no Reino Unido, que não integrou o estudo, salienta que “globalmente, consumimos muito das culturas polinizadas pelo vento – trigo, arroz, milho, cevada – que são ricas em hidratos de carbonos, mas relativamente pobre em nutrientes, levando a uma epidemia de obesidade e diabetes em todo o mundo. Não comemos frutas e vegetais suficientes, a maioria dos quais requer insetos para a sua polinização.”

“O aspeto mais preocupante deste estudo é que, uma vez que as populações de insetos continuam a diminuir, esta perda de rendimento agrícola vai piorar no futuro, enquanto a população humana vai continuar a crescer para pelo menos 10 mil milhões”, realça Goulson. “Os problemas descritos ficarão muito piores à medida que o século XXI avança”, conclui.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Shutterstock

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