Filhos de primos direitos correm ou não riscos genéticos acrescidos?

O casamento entre primos direitos e os filhos que resultam dessa união são temas controversos, envoltos em dúvidas e mitos. Saiba quais são os verdadeiros riscos do relacionamento consanguíneo.

Filhos de primos direitos correm ou não riscos genéticos acrescidos?

O casamento entre primos direitos é um tema controverso, e quando o assunto são os filhos que resultam dessa união, a discussão aumenta. Existem muitas dúvidas e mitos sobre os riscos de um relacionamento consanguíneo.

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Serão os filhos de primos direitos mais propensos a certas doenças genéticas? A ciência responde e diz que não é bem assim. Segundo um estudo, publicado no The Journal of Genetic Counseling, o risco de um casal sem qualquer grau de parentesco ter um filho com deficiência é de 3%, enquanto que para casais que têm consanguinidade, o risco sobe para cerca de 6%. Logo, primos de primeiro grau têm 94% de hipóteses de terem um bebé saudável.

Por exemplo, o risco de uma criança nascer com um problema grave como a fibrose quística é de três a quatro por cento para a população em geral. No caso dos primos direitos, há que juntar a esse risco de base mais 1,7 a 2,8 por cento, indica o estudo.

Filhos de primos direitos não correm riscos genéticos acrescidos

De forma geral, o casamento entre primos é bastante seguro. Mas, em certas populações ou famílias específicas, pode haver mais riscos. O ser humano partilha 50% do seu ADN com cada um dos progenitores e irmãos, e com os primos 12.5%. Como tal, quando dois primos têm um filho, as variantes genéticas semelhantes têm mais probabilidade de aparecer e originar problemas.

Os humanos herdam uma cópia de cada gene de cada um dos pais. Caso esses genes sofram mutações, podem originar várias doenças. Quando apenas uma cópia dos genes precisa de ser modificada para causar uma doença, esta é autossómica dominante. Mas no caso de duas cópias de um gene serem necessárias, uma doença é autossómica recessiva. Uma pessoa que tenha apenas uma cópia de um gene recessivo é um portador, ou seja, não têm a doença mas pode transmiti-la, realça o IFL Science.

No caso de dois primos, como partilham mais ADN do que duas pessoas aleatórias, a probabilidade de transmitirem um gene danificado é maior. Se um dos avós que partilham é igualmente um portador de um gene, aí a probabilidade dos seus filhos (e pais dos primos) a terem é de 50%. Como tal, o risco de os filhos também terem é maior e, por consequência, os seus descendentes.

Por isso, o estudo conclui que, apesar do risco ser quase o dobro, não é suficientemente considerável para desencorajar o casamento e o nascimento de filhos entre primos direitos, sublinha Arno Motulsky, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

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Texto: Inês Neves; Foto: Michal Bar Haim na Unsplash

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