Escavação do túmulo da parteira de Jesus revela novos segredos

Arqueólogos em Israel descobriram novos artefactos e esculturas da Caverna de Salomé, túmulo da suposta parteira de Jesus.

Um túmulo descoberto em Israel poderá ser o local do enterro de Salomé, a parteira de Jesus, revelou mais segredos, de acordo com arqueólogos que descobriram inscrições e artefactos. As descobertas na Caverna de Salomé, nas proximidades da antiga cidade de Laquis e a cerca de 48 quilómetros a sudoeste de Jerusalém, incluem centenas de lamparinas de óleo de barro que os peregrinos compraram ou alugaram antes de entrarem no túmulo, e inscrições esculpidas nas paredes por adoradores, alguns deles em árabe.

Embora os saqueadores tenham descoberto o túmulo há 40 anos e os arqueólogos tenham escavado o local em 1984, a nova escavação é a primeira a examinar o pátio, local decorado com 350 metros quadrados que ostenta pisos de mosaico e que está cercado por paredes de pedra. Ao lado do pátio, a entrada é fortemente decorada com esculturas simbólicas de rosetas, romãs e vasos de acanto – uma espécie de vaso coberto com as folhas ornamentais, que dizem ser desenhos característicos dos judeus, segundo comunicado da a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA).

Peregrinos cristãos visitaram o local durante os tempos bizantinos, a partir do século V, mas as evidências sugerem que uma família judia rica usou o túmulo originalmente para enterros há cerca de 2.000 anos, diz a IAA.

“A tumba atesta que os seus donos eram uma família de alto status na shefelah [terras baixas] da Judeia no período do Segundo Templo”, que durou de 516 A.C. a 70 D.C., lê-se no comunicado. “O nome Salomé pode ter aparecido na antiguidade num dos ossários [caixas de pedra] na tumba, e a tradição de identificar o local como a parteira Salomé desenvolveu-se.”

A parteira de Jesus

A história da parteira Salomé é contada no Evangelho de Tiago, considerado apócrifo pelos cristãos – o que significa que a sua autenticidade é questionada – e não aparece no Novo Testamento. Salomé é amplamente desconhecida dos cristãos ocidentais hoje, mas seria venerada pelos primeiros cristãos e é retratada como parteira no nascimento de Jesus em muitos ícones ortodoxos orientais.

A história no Evangelho de Tiago relata que Salomé teria tido a colaboração de outra parteira, não identificada, no nascimento de Jesus, porque que a sua mão estava trémula quando se recusou a acreditar que a mãe de Jesus era virgem, e que acabou curada depois de tocar o berço do recém-nascido. A própria caverna de Salomé compreende várias câmaras com vários nichos funerários e ossários partidos, atestando o costume original do enterro judaico. A grande surpresa para os arqueólogos foi o facto de o local ter-se tornado uma capela cristã primitiva e um centro de peregrinação.

“Salomé é uma figura misteriosa”, consideram os arqueólogos. “O culto de Salomé, santificado no cristianismo, pertence a um fenómeno mais amplo, pelo qual os peregrinos cristãos do século V encontraram e santificaram locais judaicos.”

Local de peregrinação

A peregrinação cristã à caverna de Salomé continuou até pelo menos ao século IX, durante o período islâmico da região. Muitas das lâmpadas de óleo de argila descobertas na nova escavação datam dos séculos VIII e IX, observaram os arqueólogos. A equipa também revelou uma fileira de barracas no pátio da caverna, que venderiam ou alugariam as lâmpadas aos peregrinos, talvez para que eles pudessem aventurar-se no interior escuro.

“As lâmpadas podem ter servido para iluminar a caverna, ou como parte das cerimónias religiosas, de forma semelhante às velas distribuídas hoje nos túmulos de figuras importantes e nas igrejas”, suspeitam Nir Shimshon-Paran e Zvi Firer, diretores de escavação do IAA. Embora o túmulo tenha permanecido encerrado ao público desde a sua descoberta, a caverna de Salomé abrirá portas, por assim dizer, logo que as atuais escavações estiverem concluídas. Fará parte da Trilha dos Reis da Judeia, com mais de 100 quilómetros de extensão pela parte sul de Israel, e que apresenta dezenas de locais arqueológicos com significado histórico.

Imagens: Autoridade de Antiguidades de Israel

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