Edward Paisnel, o violador que se mascarava para cometer crimes

Edward Paisnel, de 46 anos, era – aparentemente – um homem comum: casado, com dois filhos e empreiteiro. Conhecido pela comunidade como gentil e atencioso, especialmente com crianças, ajudava a esposa num orfanato do qual era proprietária.

Edward Paisnel, o violador que se mascarava para cometer crimes

Edward John Louis Paisnel nasceu em 1925, na Ilha de Jersey, localizada entre o Reino Unido e França. Filho de uma família rica, não há muitos detalhes sobre a sua infância nem sobre a adolescência. O histórico “criminal” começou durante a Segunda Guerra Mundial, quando o exército nazi ocupou a ilha. Foi acusado de roubar comida e distribuí-la para famílias famintas da comunidade. A partir de 1957, no entanto, iniciaria uma onda de crimes sórdidos.

Em novembro desse ano, atacou uma mulher, de 29 anos, numa paragem de autocarro, enrolando-lhe uma corda ao pescoço e a levando-a para um campo, onde a violou. Nos dois anos seguintes, atacou mais três mulheres, de 20, 28 e 31 anos, com o mesmo modus operandi. As descrições dadas pelas vítimas eram idênticas: homem baixo, de meia-idade, com um sotaque irlandês forçado. Assim, no fim de 1959, passou a ser conhecido como a “Besta de Jersey”. A verdade é que os ataques tinham apenas começado.

Em 1960, em vez de atacar enquanto as vítimas esperavam o autocarro, Edward passou a invadir casas. Além disso, as mulheres deixaram de ser o único alvo. Passou a atacar crianças, que passaram a ser as vítimas de eleição. No Dia dos Namorados de 1960, entrou pela janela de uma casa e conseguiu entrar no quarto de um rapaz de 12 anos. O menino foi puxado por uma corda no pescoço até um local ermo, onde foi violado. Após o ato, Edward levou-o de volta a casa.

Vítima saltou do carro em movimento e escapou

Cerca de um mês depois, uma mulher aceitou boleia quando se dirigia até à paragem de autocarro. Após entrar no carro e reparar no condutor – de chapéu, sobretudo e luvas –, percebeu que tinha cometido um erro. Edward levou-a para um sítio isolado, agrediu-a, atou-lhe as mãos às costas e violou-a. Depois, obrigou-a a voltar ao carro. Enquanto dirigia, a mulher saltou do carro em movimento e conseguiu escapar.

Nos meses seguintes, invadiu outras três casas. Na residência de uma adolescente, de 14 anos, fugiu após a jovem acordar e tê-lo visto a observá-la enquanto dormia. Outra jovem, da mesma idade, não teve a mesma sorte. Edward invadiu a residência da jovem pela porta traseira e a mãe da menor acordou com o barulho. Enquanto a mulher descia as escadas para perceber o que se passava, o quadro da eletricidade foi abaixo. Mesmo assim, percebeu que não estava sozinha na sala da casa.

Correu para o telefone e tentou ligar para a polícia; contudo a linha de telefone tinha sido cortada. Então, Edward saiu das sombras a atacou-a. Ela conseguiu fugir e chamar os vizinhos para ajudá-la. Quando regressou, encontrou a filha amarrada no chão da sala. A menina havia sido violada. Meses depois, a nova vítima foi um menino de oito anos. Nos primeiros quatro meses de 1961, meninos de 11 e 12 anos e uma menina de 12 foram as novas vítimas. Os ataques aconteceram após a polícia ter apontado um pescador “excêntrico” da região como o culpado, mesmo sem provas materiais.

“Besta de Jersey” anunciou regresso com carta à polícia

Alphonse Le Gastelois, o pescador, deixou a ilha mas a Besta continuo a atacar. Graças à pressão popular, a polícia metropolitana de Londres foi chamada para investigar o caso. Durante dois anos, os ataques pararam. Nos anos de 1963 e 1964, mais quatro vítimas: dois rapazes de 9 e 11 anos; uma menina de 10; e um adolescente de 16. O perfil do violador em série já estava totalmente traçado. No entanto, não foi feito qualquer avanço quanto à sua identidade. Edward não foi apanhado mas voltou a ‘hibernar’ durante dois anos.

Em 1966, regressou e fez questão de o anunciar com uma carta à polícia de Jersey. Explicou que não era maníaco, mas que gostava de brincar com crianças e que ouviriam sobre ele “antes de setembro”. Dito e feito. Uma jovem de 15 anos foi violada em agosto daquele ano. O método usado foi o mesmo dos outros ataques, mas desta vez com requintes de crueldade: arranhões longos, profundos e distribuídos de forma uniforme e paralela no tronco da vítima.

Edward voltou a fazer nova pausa, desta vez de quatro anos. Em agosto de 1970, violou um jovem de 13 anos. O modus operandi foi o mesmo, incluindo os arranhões pelo corpo e rosto. Dos cerca de 100 mil habitantes da ilha, 30 mil foram entrevistados. Mesmo assim, não houve progressos significativos na investigação. Foi apenas em 10 de julho de 1971 que Edward Paisnel seria detido. No entanto não pelos crimes macabros que cometera. A detenção deveu-se a ter atravessado um sinal vermelho à frente a dois polícias.

Edward ajudava a mulher num orfanato

Edward tentou fugir a pé, mas foi capturado e levado para a esquadra. Lá, o que parecia ser um caso normal, revelou ser algo de proporções inimagináveis. O homem possuía as características físicas da Besta, incluindo as roupas e o cheiro. Os pertences corroboraram as suspeitas. Nos bolsos do casaco e no carro – roubado – foram encontrados todos os objetos pelos quais a Besta de Jersey era conhecida: uma peruca com cabelo espetado, rolos de fita, cordas, unhas postiças pontiagudas e uma assustadora máscara feita à mão.

No interrogatório, deu respostas desconexas, como afirmar que se dirigia a uma orgia com o carro de um amigo e recusou-se a dar explicações sobre a máscara. Acreditando que estavam diante da Besta, a polícia passou a investigar a vida pessoal do suspeito. Edward Paisnel, de 46 anos, era – aparentemente – um homem comum: casado, com dois filhos e empreiteiro. Conhecido pela comunidade como gentil e atencioso, especialmente com crianças, ajudava a esposa num orfanato do qual era proprietária, sendo conhecido como “Tio Ted”.

Polícia encontrou cenário macabro

Em época de Natal, vestia-se de Pai Natal e distribuía doces e presentes. Contudo, também era conhecido pelos horários irregulares, que incluíam “caminhadas” durante a noite e madrugada. Enquanto estava detido, a casa foi alvo de buscas. No quarto, foi encontrada uma passagem para um quarto secreto construído por Edward. O cenário era macabro: cheiro nauseabundo e diversos casacos, perucas, chapéus , máscaras caseiras e sobrancelhas falsas.

Além disso, havia um mural com fotos de diversas casas da região e diversos livros, objetos e até um altar, todos relacionados ao ocultismo. Com estas provas, Edward foi julgado e condenado por 13 crimes, entre eles violação e sodomia, contra seis vítimas. No julgamento, foi revelado que todos os seus atos foram minuciosamente planeados. Em alguns casos, passou anos a observar as rotinas das vítimas e das famílias antes de consumar o crime. No dia 29 de novembro de 1971, Edward foi condenado a 30 anos de prisão.

No entanto, foi libertado em 1991 por comportamento, quando faltavam cumprir dez anos. Continuou a viver em Jersey até 1994, ano em que morreu de ataque cardíaco. Investigações posteriores à sua morte indicaram que, além das vítimas confirmadas, é provável que tenha sido responsável por dezenas de outros abusos sexuais de menores entre 1957 e 1971.

Foto: Reprodução YouTube

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